O que Tom Wolfe escreveria sobre este nosso país?

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- O “bom e velho” Brasil precisa se transformar, se recriar. – diria, possivelmente, o experiente jornalista e escritor norte-americano, conhecido por seu estilo irônico e pela sua crença de que “verdadeiros jornalistas conseguem o que querem”.

Até porque, para ele, - que retratou as transformações sociais e culturais dos Estados Unidos, - os seres humanos são dominados pela “busca de status”. Daí a “disputa de poder” entre os que sofrem de “inadequação” ou de “egos inflados”, como vemos acontecer, aliás, no cenário político brasileiro.

- E nada melhor para dar fim a esse quadro nocivo do que a “Fogueira das Vaidades”. – Wolfe talvez concluísse, ironicamente, recorrendo ao título do seu romance, escrito em 1887. Um sucesso que mostra Nova Iorque como cidade injusta e cruel

Ele estaria certo, porque as “vaidades políticas”, predominantes aqui, só causam injustiças e crueldades. Mancham de corrupção a nossa história. Somente o “fogo consumidor” acabaria com elas, e daria a vez ao bom. Ao novo.

Veja que Wolfe rompeu com o velho, - o mundo da reportagem convencional, - e começou a praticar o Novo Jornalismo, ou Jornalismo Literário, usando técnicas da ficção, - sua grande paixão, - para escrever sobre a realidade.

Se tudo está fora de lugar, o jornalismo tradicional não desperta mais o interesse do leitor. Chega, então, de ler jornais escritos da mesmíssima e bem-comportada maneira!

Com esse raciocínio, ele disse “não” às regras do jornalismo clássico. Expressou o que vinha à mente, em tom pessoal, se aproximando do leitor.

Foi assim - de modo não convencional - que documentou a vida americana nas suas “reportagens romanceadas”.

Fica aqui a pergunta: Não é exatamente dessa forma que a “palavra escrita”, jornalística ou não, em qualquer idioma, deve ser criada?

- É hora de voltar a redescobrir este país, se não quisermos deixar o romance americano virar algo definitivamente fora de moda. - ele afirmou, em 2004, sobre a América. Talvez porque soubesse que a vida, em qualquer pátria ou cultura, é como uma “trama fictícia”. Inclusive quando vira notícia nos veículos de comunicação.

Só nos resta concordar com Wolfe porque é hora de o Brasil se redescobrir também.

- Vamos promover transformações enquanto ainda temos tempo. - Wolfe certamente acrescentaria, consciente do quanto esse tempo é valioso, embora seja estupidamente desperdiçado.

Ele mesmo não entrou em acordo, no último 14 de maio de 2018, com o seu próprio “tempo de 88 anos”? Não deu um basta na “mesmice” do tratamento que fazia no hospital, em Nova Iorque, onde estava internado?

Afinal, “amantes da liberdade”, como ele, precisam seguir o interminável e libertador “caminho das inovações”.

Nem que, para isso, tenham que se afastar deste plano, tão carente de mudanças, e iniciar novíssima e misteriosa viagem, em uma dimensão desconhecida.

E sabe o que cabe a nós? Manter acesa a chama da “livre, espontânea e inovadora expressão”, conquistada por Tom Wolfe. Com ou sem ironias.

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Thomas Kennerly Wolfe (Richmond, Virginia, 2 de março de1930 - Nova Iorque, 14 de maio de 2018)

Foto de L. Oliver

L. Oliver

Redatora e escritora, com diversos prêmios literários, e autora de projetos de conscientização para o aumento da qualidade das sociedades brasileira e global. Participa do grupo Empresários Associados Brasil, que identifica empresas e profissionais em busca da excelência em produtos e serviços no país e no Exterior. Criou e administra o grupo “Você tem poder para mudar o Brasil e o mundo”, de incentivo à população no combate à corrupção. https://www.facebook.com/groups/1639067269500775/?ref=aymt_homepage_panel

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