Maria Ribeiro, a boba da corte da vez da esquerda brasileira
04/05/2018 às 09:40 Ler na área do assinanteSegundo Millôr Fernandes, "a Academia Brasileira de Letras se compõe de 39 membros e um morto rotativo".
Talvez aspirando à imortalidade, a esquerda brasileira segue o mesmo modelo: alguns ideólogos, uns milhares de militontos - e um bobo da corte rotativo.
Já passaram pelo rodízio o Wagner Moura, a Letícia Sabatella, a Taís Araújo, a Márcia Tiburi.
A boba da vez é a Maria Ribeiro, porta-voz do "roubou porque podia roubar".
Criticam a moça sem lhe reconhecer um grande mérito: ela não nega mais o roubo. É uma Boba 2.0, que já não roda o programa da negação, mas o da justificativa.
Os bobos e as bobas e xs bobxs anteriores e anterioras e anteriorxs vinham trabalhados e trabalhadas e trabalhadxs na tese da honestidade. Maria Ribeiro é modelo 2018/2019, trazendo novidades de fábrica.
Ainda não é a assunção da culpa (sem trocadilho com seu marido problemático), mas a era da inocência acabou.
Não há mais público para uma Joana Maranhão, uma Tatá Werneck, uma Camila Pitanga, e seu mantra "não sei quem plantou, desconheço a semente", declamado enquanto aperta unzinho. Bobas seniores, como Sonia Braga, ou bobos juniores, como Gregório Duvivier, tanto bateram na velha tecla que ela furou.
Se nas cortes medievais o bobo era uma espécie de consciência crítica, o único a poder dizer ao rei o que o rei precisava ouvir, aqui ele é boi de piranha, bucha de canhão, e cabe a nós ouvi-lo e interpretar sua fala, antes que o pobre (ou a pobra ou x pobrx) seja deglutido/a/x, pulverizado/a/x.
Tico Santa Cruz, Marina Lima, Maria Gadú, Aline Moraes, Fábio Assunção não são apenas bobos: são birutas - aquele troço colorido que se vê nos campos de aviação, indicando para onde o vento sopra.
A biruta da vez, Maria Ribeiro, parece indicar a mudança dos ventos.
Quem sabe o próximo bobo rotativo, a próxima biruta, já não ensaia uma autocrítica?
Veja o vídeo:
Eduardo Affonso
É arquiteto no Rio de Janeiro.