A responsabilidade da tragédia

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Sejamos intelectualmente honestos: onde estão os líderes desses movimentos sociais por moradia que ocuparam ilegalmente o prédio que desabou no Largo do Paissandu, em São Paulo?

Tem "M" de toda natureza, mas não tem um líder de "M" no local da tragédia para auxiliar o Corpo de Bombeiros da PMESP no levantamento de quantas famílias moravam ali, o quantitativo de pessoas que podem ser vítimas fatais e dados congêneres. Se esses "M" cobravam o tal "aluguel" dos ocupantes, certamente tinham uma lista destes, pois não?!

Mas, só tem "M" nesses "M"... só covardes, irresponsáveis e, no limite, criminosos.

Não podemos esquecer que há laudos do Corpo de Bombeiros Militar, do Crea-SP e da Defesa Civil da Cidade de São Paulo alertando, há quase uma década, para os riscos de moradia naquele prédio (e noutros da região, igualmente ocupados). O próprio Ministério Público do Estado de São Paulo abriu uma investigação com base nesses laudos, posteriormente arquivada e hoje, depois da catástrofe, reaberta (redução de vergonha?).

Diante de todos esses alertas, os líderes de um movimento social que permite centenas de famílias continuarem a ocupação num prédio em risco são, no mínimo, coautores das mortes e responsáveis pela reparação de danos causados às vítimas e também ao Estado (se o prédio estivesse vazio teria incendiado?).

Responsabilizar apenas o Estado pela tragédia é uma desonestidade intelectual brutal. Algo próprio às ideologias pelegas que solapam o Brasil diuturnamente.

Essa devoção ao Politicamente Correto atrofia o pensamento, limita a capacidade de argumentação, adoece o debate e prejudica imensamente a informação. O Brasil está atolado até o pescoço num universo politicamente correto tão hipócrita quanto irreal.

Segue o enterro..

Foto de Helder Caldeira

Helder Caldeira

Escritor, Colunista Político, Palestrante e Conferencista
*Autor dos livros “Águas Turvas” e “A 1ª Presidenta”, entre outras obras.

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