Ministro Joaquim Levy pode ter iniciado queda livre

24/08/2015 às 07:15 Ler na área do assinante

O ministro Joaquim Levy está sendo responsabilizado pelo governo e pelo PMDB pelos recentes desgastes com o Congresso Nacional. 

Na própria avaliação do Palácio do Planalto, Levy está prejudicando o esforço do Executivo de recuperar alguma estabilidade no Congresso. O ministro gera o desgaste, mas, depois, é obrigado pelas circunstâncias a recuar, arranhando cada vez mais a sua credibilidade.

Diante disso, tem sido comum embates ásperos do ministro da Fazenda com titulares de outras pastas.

Recentemente, Levy teve um sério bate-boca com Eliseu Padilha, titular da Secretaria da Aviação. O motivo era a liberação de R$ 500 milhões em emendas, medida considerada crucial à estratégia de amenizar a rebelião de partidos aliados.

A Fazenda barrou o repasse. Padilha reagiu: "Não vou recuar na minha palavra", disse para Levy, em uma discussão tensa que logo repercutiu no Planalto.

Diante desses impasses, aumentou a pressão para que o vice-presidente Michel Temer abandone imediatamente a articulação política do governo - decisão que ele já tomou, mas que ainda não tem data para ocorrer. O entendimento é que Levy não se submete a Temer, relutando em cumprir acordos ratificados pela própria presidente da República.

Para o núcleo político da Esplanada, Levy joga errado. Coloca-se contra propostas do próprio governo, num primeiro momento, mas depois é obrigado a recuar.

Considerado politicamente inábil no PT e, agora, no PMDB, ministros de ambos os lados já começam a ironizar o título dado à Levy de avalista da política econômica, contestando a tese de que o país afundará caso ele deixe a Fazenda. "Ao menos iremos para o abismo com um fiador", brinca um ministro.

Levy tem sido obrigado a recuar em seus embates. Ele até consegue travar medidas de aumento de gastos em um primeiro momento, mas é sempre vencido adiante. Foi assim com a redução da meta do superavit primário (economia para pagar juros da dívida). Ele queria algo próximo a 1,1% do PIB. O governo rebaixou para 0,15%.

O mesmo ocorreu com a antecipação de metade do 13º dos aposentados. Ele suspendeu o adiantamento, o que afetaria 32 milhões de pessoas, mas acabou sendo obrigado a rever sua posição.

Na semana retrasada, ele suspendeu negociações para aumentar o limite de endividamento dos Estados mesmo depois da presidente ter se comprometido com governadores. Agora, já fala em ceder. 

Em todos os casos, o Planalto amargou desgastes, o que vem evidentemente e lentamente causando um natural enfraquecimento de Joaquim Levy.

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da Redação
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