A greve dos JUÍZES e a FALTA de JUÍZO

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Imaginei tratar-se de fake news, dessas que adversários lançam contra algo ou alguém com a finalidade descarada de lhe destruir a imagem. “Ora se os magistrados federais brasileiros vão cometer tamanha heresia!”, afirmei indignado aos meus seis botões que se mantiveram em incrédulo silêncio. Nem eles acreditaram. Consultei um site especializado em esclarecer sobre boatos e nada encontrei a respeito. Busquei confirmação no mainstream do jornalismo brasileiro. E lá estava, em O Globo, Infomoney, Estadão, Folha et alli: atendendo iniciativa de sua representação “classista”, os juízes federais suspenderão atividades no dia 15 de março para reivindicar ao STF que não delibere sobre o mal afamado auxílio-moradia e aguarde para, oportunamente, discutir os direitos dos magistrados a tais ou quais adicionais.

Com todo o respeito que a magistratura federal merece – que falta de juízo de sua representação! Ao entrarem em greve, ainda que o rótulo, saído lá do laboratório de genéricos, fale em paralisação, os juízes estão renunciando à elevada condição de membros de um dos três poderes de Estado, para se assumirem como funcionários! Certo partido político, que já transformou em “trabalhadores em Educação” quantos se dedicam ao magistério, poderia sugerir agora aos magistrados que se declarem “trabalhadores em Direito e Justiça”.

O desarrazoado, desajuizado da situação se revela ainda mais nítida quando imaginamos, simetricamente, uma greve do Congresso Nacional, ou do governo da União, com pauta classista. Morro e não vejo tudo.

Texto publicano originalmente em http://www.puggina.org/fique-sabendo/a-greve-dos-juizes-e-a-falta-de-juizo/5550

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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

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