Gandhi dizia, ‘Seja a mudança que você quer ver no mundo’. Caso a tarefa fosse simples não viveríamos tempos onde impera a intolerância, a violência, os desastres ecológicos, a ganancia, e por ai afora poderia citar uma lista infindável de pequenas mazelas sociais e familiares nas quais nos vemos inseridos.
Em tempos difíceis como esse, definir justiça torna-se tarefa complexa, pois, quando falamos em justiça temos que refletir sobre todas as possibilidades e impossibilidades que o tema carrega, e sem sombra de dúvidas fica ai uma questão crucial: encontraríamos humanidade na justiça, sendo ela feita por e para humanos?
Falar e pensar em justiça sistêmica é de fato propor-se por inteiro ser a mudança que se quer no mundo! E com imensa felicidade venho partilhar hoje o que pude receber, com gratidão, no último evento Metaforum Camp 2018, na formação em Justiça Sistêmica.
A justiça sistêmica propõe lançar um novo olhar aos sujeitos e seus conflitos jurídicos, busca acima de tudo intervir de forma curativa na resolução de suas dores, a fim de romper com o ciclo de litigio, que por sua vez, caso se perpetue, trará novas situações conflituosas ao campo.
Este novo olhar nasce da ferramenta da Constelação Familiar de Bert Hellinger, e propõe integrar a prática jurídica com o método sistêmico-fenomenológico de solução de conflitos, conciliando e mediando as partes na busca de harmonia para o sistema dos envolvidos. O trabalho está conectado fundamentalmente com o estudo das emoções e energias inconscientes dos seres humanos, e como as emoções influenciam em seus comportamentos, levando a uma repetição de padrões comportamentais de geração a geração.
Todos somos um infinito de possibilidades de resolução de nossos conflitos, e pequenos movimentos internos são disseminadores de inúmeras outras possibilidades de mudanças sociais.
Ao que parece nos mantemos submergidos e conectados com tragédias pessoais, familiares, sociais, e políticas, em um movimento energético que nos desconecta da verdadeira natureza do ser, e é deste lugar que impede a nossa humanidade, que os movimentos sistêmicos nos resgatam, permitindo que possamos vislumbrar novas possibilidades, novos movimentos, e novos processos de cura.
Em tempos em que o judiciário sobrecarrega-se de lides e demandas impregnadas muito mais de dores emocionais que propriamente de questões práticas, que possamos nós, receber essas novas possibilidades que surgem no campo da justiça, e que acima de tudo esta esteja repleta de humanidade.
A esta possibilidade que a vida me brindou, de estar com seres iluminados e com coração preenchido de amor ao outro, gratidão!
E que possa a humanidade seguir iluminada com mais Juízas de Direito que estão lindamente a serviço da justiça percebendo o outro em sua totalidade como a Dra. Vanessa Aufiero e Dra. Jaqueline Cheruli, por mais operadoras(es) do Direito que fazem advocacia sistêmica como as advogadas Fabiana Quezada e Eunice Schlieck, e por conflitos mediados de forma tão sensível quanto o faz a mediadora Cinthia Ferreira.
Um brinde ao universo por este especial encontro com o amado colega de profissão, organizador e coordenador desta linda formação, o Neuropsicólogo Luciano J. P Alves, e em especial gratidão aos meus queridos colegas de formação, que hoje também já são parte de mim, pelos aprendizados nesta sistêmica humanidade de se ver e fazer justiça. Juntos somos fortes!
Patrícia Barazetti
Psicóloga clínica e forense. Especialista em intervenções psicossociais. Mestre em Educação. Professora em cursos de graduação e pós-graduação. Pesquisadora em assuntos relacionados a temas sociais, envolvendo adolescentes infratores, crianças vítimas de violência sexual, serial killers e outras formas de violência. Atua em casos jurídicos de grande repercussão nacional e internacional.