PF intercepta ligação suspeita de Lula com executivo da Odebrecht. Leia a transcrição do grampo.
15/08/2015 às 04:34 Ler na área do assinanteA Polícia Federal que com autorização judicial monitorava as ligações do executivo Alexandrino Alencar, preso na 14ª fase da Operação Lava Jato, juntamente com o empresário Marcelo Odebrecht, logrou interceptar uma conversa extremamente comprometedora entre ele e o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
O relatório da PF indica o ex-presidente preocupado com 'assuntos do BNDES'. A PF já informou ao juiz federal Sérgio Moro que Lula falou por telefone no dia 15 de junho de 2015 com Alexandrino, parceiro do ex-presidente em viagens patrocinadas pela empreiteira. Quatro dias depois do telefonema, Alexandrino foi preso junto com o presidente da empresa, Marcelo Odebrecht.
Assim a PF relata a gravação: "Outro contato considerado relevante ocorreu em 15 de junho de 2015 às 20:06, entre Alexandrino Alencar e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nele ambos demonstram preocupação em relação aos assuntos do BNDES, referindo-se também a um artigo assinado por Delfim Netto que seria publicado no dia seguinte sobre o tema. Alexandrino disse também que Emílio (Emilio Odebrecht) teria gostado da nota que o Instituto Lula ("criado pelo ex-presidente em 2011, depois que ele deixou o governo, para trabalhar pela erradicação da fome no mundo, aprofundar a cooperação com os países africanos e promover a integração latino-americana, entre outros objetivos") teria lançado depois da divulgação do laudo pericial acerca da contabilidade da empresa Camargo Corrêa, que teria doado três milhões de reais ao Instituto entre 2011 e 2013 e efetuado pagamentos a LILS Palestras Eventos e Publicidade Ltda.. A na ordem de R$ 1,5 milhão no mesmo período".
Percebe-se mais uma vez a forte relação entre o ex-presidente e o executivo e a preocupação comum entre os dois com o desenrolar das investigações.
Lula é alvo de inquérito aberto pelo Ministério Público Federal para apurar a relação dele com a Odebrecht e investigar a possível prática de tráfico de influência em favor da empresa por parte do petista entre 2011 e 2014. Para o MPF, é preciso apurar se Lula atuou para beneficiar a Odebrecht com a concessão de empréstimos pelo BNDES.
Outro nome citado no relatório é de Marta Pacheco Kramer, executiva da Odebrecht. Segundo a PF, Alexandrino Alencar disse que Marta seria ligada ao Instituto Lula. "O investigado também recebeu ligações de Marta Pacheco Kramer na data da deflagração da operação as 06:06 da manhã do dia 19 de junho de 2015. Curiosamente, Marta foi identificada pelo próprio Alexandrino como vinculada ao "Instituto Lula" o que restou consignado junto ao auto de arrecadação lavrado na residência do investigado acerca dos contatos telefônicos feitos pelo mesmo quando da chegada da equipe", informou o delegado Eduardo Mauat da Silva.
O Instituto Lula disse que não vai comentar a referência ao ex-presidente no relatório da Polícia Federal. A entidade nega que Marta Pacheco Kramer tenha qualquer vínculo com o instituto.
Veja abaixo a transcrição da conversa entre Lula e Alexandrino:
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