Bando de imbecis, tenho uma dúvida: O que vocês querem celebrar nesse Carnaval? Os ônibus incendiados? Vocês querem fazer samba sobre os professores em greve e os médicos no fundo do poço? Querem rir da desgraça dos hospitais e de um STF que é, ele mesmo, uma quadrilha? Vocês querem "pular" sobre a Petrobrás sucateada e o Banco do Covil (antigo banco do Brasil)? Do que vocês querem rir? De uma Universidade infectada por uma legião de gayzistas e ateus? Da nossa imprensa controlada por criaturas que ficariam melhor dentro de uma festa rave em SP?
Vocês querem brincar com as crianças que tem aula em escolas de lata e com as estradas onde se morre sem que seja preciso bater em outro carro (já que as condições dela matam você sem isso ser necessário)?
Imbecis, me ajudem por favor: eu quero rir com vocês, mas só sinto vontade de chorar: O que nós vamos comemorar? As condições em que moram os nossos policiais? Nós vamos brincar com aquilo que ganham os nossos policiais, seus cretinos? Nós vamos continuar cantando a plenos pulmões que nós somos o povo “mais pacífico do mundo e que o Brasil acolhe a todos sem preconceito”?
O que nós vamos deixar para nossos filhos, hein imbecis? Ajudem-me porque eu não consigo me ajudar...
Nós vamos celebrar o governo de um alcoólatra analfabeto e depois da sua empregada terrorista? Vamos fazer samba sobre os milhões desviados da saúde, educação e segurança e depois dizer que isso é uma “contagiante epidemia que se chamava Carnaval”? Nós vamos sentir “saudades do Brasil” escrevendo letras de música nos guardanapos dos cafés de Paris, seus cretinos? Vamos cantar as glórias do nosso Exército, o exército mais covarde do mundo, na Guerra do Paraguai ou na Tomada de Monte Castelo? Nós vamos ver os batalhões em posição de sentido com a banda marcial tocando Zeca Pagodinho?
Digam-me, oh Grandes Imbecis, do que eu tenho que rir? O que eu preciso “esquecer”? Com o que eu devo brincar? Eu venho atravessando a vida...há 20 anos eu sou médico, imbecis! Eu venho recebendo ordens de vagabundas comunistas que, se dizendo enfermeiras, destruíram meu sonho de ser médico para realizar seu pesadelo petista de controle social e “trabalho em equipe”...
Eu vi, imbecis, como diria Allen Ginsberg, as melhores mentes da minha geração destruídas pela loucura...pela solidão e pelo arrependimento...Eu vi casamentos desfeitos, famílias destruídas e filhos abandonados..vi médicos alcoólatras, policiais suicidas e professores vendendo cachorro quente....
O que, oh grandes imbecis, devo eu cantar? Que fantasia devo eu usar ou máscara colocar no rosto para não lembrar jamais quem eu sou?
Eu, seus desgraçados, sou aquilo que cada um de vocês quer esquecer...Eu sou o oposto daquilo que foi dito na Guerra do Vietnam quando pensaram que o “inferno era impossibilidade da razão”...
Eu SOU a própria razão que não os vai deixar escapar do inferno...inferno que vocês fingem agora esquecer pulando como canibais na frente das câmeras da CNN e da BBC enquanto o mundo inteiro treme com aquilo que acontece na Ucrânia, na Venezuela e tantos outros lugares que, com todo seu sofrimento e desgraça, ainda estão séculos na nossa frente porque lá pelo menos se luta...
Deus colocou sobre meus ombros, oh Grandes Imbecis, a cruz de ter nascido no mesmo país que vocês...Vocês bebem; eu durmo...vocês copulam como cães nas ruas do Rio, Porto Alegre e Salvador; eu estudo...vocês vomitam; eu escrevo...Vocês vomitam porque sequer sabem ler; eu escrevo como quem vomitou...Deus ajude a todos nós...Fora da caridade não há salvação...Oh, Grandes Imbecis!
Texto sobre o Carnaval escrito em 02 de março de 2014.
(Ano do Desespero)
Milton Pires
Médico cardiologista em Porto Alegre