Educação x Governo: De quem é a culpa? Censo mostra números assustadores
03/02/2018 às 11:00 Ler na área do assinanteEducação x Governo é um fracasso da escola, ou é fracasso do aluno? Caionúmero de matrículas no ensino fundamental e médio, mostra censo. Redução está ligada à reprovação e à falta de estrutura das escolas. Ministério da Educação reconhece que problema precisa ser enfrentado.Tenho visto que existe algo que nosso país deixa a desejar quando o assunto é educação, um tema bastante discutido e, que aparentemente nunca acaba. Mas afinal de quem é a culpa? Alguns dizem ser do governo, mas será que realmente a culpa é do governo?
O Ministério da Educação divulgou nesta quarta-feira (31) o Censo Escolar 2017. Os dados mostram falta de estrutura na rede pública de ensino.
Quase metade das escolas de ensino fundamental não tem biblioteca ou sala de leitura. Na maioria não existe laboratório de ciência nem de informática. Uma em cada três nem tem acesso à internet e a maioria não tem rede de esgoto. Das escolas do ensino médio, quase 40% não têm banheiro adequado para estudantes com deficiência ou mobilidade reduzida e mais da metade não possui laboratório de ciências.
O censo mostra também, que nos últimos cinco anos, houve redução nas matrículas: 1,8 milhão a menos no ensino fundamental; 380 mil a menos no ensino médio. Parece um presídio, com portas de ferro e cheio de grades, mas é uma escola pública de ensino fundamental em Ceilândia, a 30 quilômetros de Brasília.
Mais de dois mil alunos vão voltar às aulas com biblioteca precária, poucos e obsoletos computadores, sem falar no laboratório de ciências que virou um depósito de entulhos.
Na escola, três em cada dez alunos são reprovados e um quarto (25%) deles está fora da faixa etária da turma.
“Nós temos aqui aluno com 16 anos no 6º ano. Sendo que o aluno era para estar com 11 anos de idade. Temos aluno com 17 anos numa turma de 7º ano. Então, é uma distorção muito grande”, conta a diretora da escola, Isnã Ambrósio. Elisângela pensa no futuro da filha de 16 anos, que já foi reprovada três vezes. “Com a dificuldade que nós temos em relação ao desemprego, a tudo, você se preocupa. E quando vai passando o tempo, para você recuperar é mais complicado”, desabafa a motorista partícular Elisângela de Jesus.
Tainã parou de estudar com 21 anos, no início do ensino médio.
“Me arrependo. Era para mim ter terminado meus estudos, talvez eu tava fazendo uma coisa melhor”, diz Tainã Santos Serrão, que está desempregada.
A taxa de reprovação e abandono da escola, na rede pública, é de mais de 19% no 6º ano do ensino fundamental. E no 1º ano do ensino médio piora: vai para 28%, enquanto na rede particular é de pouco mais de 8%.
O Ministério da Educação reconhece que os percentuais são altos e o problema precisa ser enfrentado. “Não existe nenhum país no mundo com bom sistema de ensino com taxas de aprovação baixas como essas. Não existe. Reprovar alunos é sinônimo de atraso na visão do que significa o processo de ensino-aprendizagem. Isso significa, sobretudo, um fracasso da escola, não é fracasso do aluno. É fracasso da escola”, afirma a ministra substituta da Educação, Maria Helena de Castro.
A especialista em educação Priscila Cruz defende mais investimento na formação de professores para reverter o quadro de repetência e evasão escolar.
“O Brasil precisa colocar em marcha uma política robusta para as carreiras docentes, para o professor, com formação adequada, tanto a inicial como a continuada, com carreira, com salário, para fazer com que o professor esteja preparado na sala de aula para garantir a aprendizagem do aluno. A gente não vive uma crise na educação, a gente vive uma crise na aprendizagem. A aprendizagem depende de um bom professor em cada sala de aula”, disse Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação
Educação e Aprendizagem é a mesma coisa?
“Não existe nenhum país no mundo com bom sistema de ensino com taxas de aprovação baixas como essas. Não existe. Reprovar alunos é sinônimo de atraso na visão do que significa o processo de ensino-aprendizagem. Isso significa, sobretudo, um fracasso da escola, não é fracasso do aluno. É fracasso da escola”, afirma a ministra substituta da Educação, Maria Helena de Castro.
da Redação