Na guerra pela disputa da Presidência da República que foi declarada, os ‘presidenciáveis’ que já se apresentaram para as eleições de 2018 reforçam a tragédia política que se instalou e se acomodou no Brasil, especialmente desde a “Nova República”, de 1985, “incrementada” de 2003 em diante pelo “Consórcio” PT/PMDB, que gerou “coisas” como um Lula da Silva, uma Dilma Rousseff e um Michel Temer, difícil de apontar nessa disputa qual o pior.
Esse quadro demonstra com clareza solar a fragilidade da democracia praticada no Brasil, onde invariavelmente prospera a pior escória da sociedade, a partir das eleições periodicamente realizadas nos três entes federativos (União, Estados e Municípios).
E como as principais regras diretivas da organização do Estado partem dos Poderes Legislativo e Executivo, evidentemente o próprio Poder Judiciário e toda a máquina administrativa estatal receberam essa maléfica influência.
Não há maior prova dessa assertiva que uma “fotografia” do atual panorama político brasileiro, que entrou num processo de decadência política e moral que parece não ter mais fim, não “escapando” nenhum dos Três Poderes.
Como dizem que “o sol nasce para todos”, nessa conturbada quadra surgem muitos interessados, “interesseiros” e oportunistas, objetivando participar do processo político oferecendo os seus “serviços” ao povo, seja numa tentativa de reeleição, seja ocupando uma das vagas sob o batido argumento da necessidade de “renovação”.
Com certeza é por essa razão que as “oposições” que surgem a cada dia na política brasileira têm a mesma cara das “situações”, porém ao avesso, ambas dotadas da mesma “matéria-prima” política e moral, mesmo que aparentemente por linhas divergentes. Mas é tudo gente igual na disputa pelo poder. E isso geralmente fica demonstrado já a partir do primeiro dia da posse de cada um, onde os próprios interesses pessoais sempre estarão acima do interesse público.
Dos vários possíveis candidatos que já se apresentaram para disputar a Presidência da República em 2018, por exemplo, o que mais aparenta ser oposição ao que aí está é o Sr. Jair Messias Bolsonaro, um ex-militar que herdou os votos e a simpatia dos saudosistas do Regime Militar de 1964 a 1985. Mas não teria sido ele um herdeiro “fake”?
Queiramos, ou não, Bolsonaro assumiu a liderança da causa política anti-Lula/PT/Dilma. Mas seria ele um candidato qualificado para reivindicar esse papel? Ou seria ele mais um tradicional demagogo que usa essa bandeira para seu próprio proveito? São questões que devem ser melhor esclarecidas.
O que não resta a menor dúvida é que Bolsonaro não tem a mesma qualificação e estatura moral e política que tiveram os 5 (cinco) ex-Presidentes Militares (Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo), que governaram o Brasil de 1964 a 1985, quando o país deu um estrondoso salto rumo à modernidade e ao progresso e não vivia na insegurança que hoje apavora as pessoas. Só quem vivia inseguro na época eram os bandidos, os subversivos e os terroristas. Nesse panorama, hoje são os bandidos que estão soltos e agindo livremente. A sociedade civil é quem está reclusa, cercada por grades de todo tipo, dentro das suas moradias.
Provavelmente esteja nessa mesma visão a relativa rejeição a Bolsonaro no seio das próprias Forças Armadas. Mas apesar disso, ele conseguiu associar a sua própria imagem à das FA, talvez de modo ilícito, “furtivo”. Ou por “demagogia”, para sermos mais claros.
Para mim Bolsonaro ainda é uma incógnita. Não sei se ele é mais político ou mais militar. Usa tanto uma quanto a outra qualificação, conforme as conveniências recomendarem. Estou mais inclinado pela primeira alternativa.
Quando lhe interessa captar a simpatia e os votos dos saudosistas de 64 e dos próprios colegas militares, ele retira a sua velha farda do baú. Mas se ele não fosse também um autêntico político, como todos os outros, jamais ele teria conseguido um espaço na política, da qual o seu perfil não se distancia muito, especialmente no uso da “demagogia”, que nunca foi característica dos militares.
Tenho plena consciência que a visão que estou apresentando não vai ter força alguma para alterar o rumo da disputa presidencial em curso. As regras do jogo já estão postas. E elas são absolutamente contrárias a Bolsonaro. Mesmo que ele vença a eleição, o “Sistema” já se armou para derrotá-lo, fraudulentamente, é claro, num criminoso conluio entre as forças políticas dominantes de hoje e o Tribunal Superior Eleitoral, que insiste em manter o mesmo sistema de contagem eletrônica dos votos que já “roubou” a eleição de 2014.
Porém, caso por algum “acidente de percurso” esse quadro seja alterado, com eleições bem fiscalizadas, limpas, e consequente vitória de Bolsonaro, mesmo assim Bolsonaro seria mais um “merda” a nos governar por mais 4 anos, se seguisse as rotinas e a “legalidade” imposta aos Presidentes anteriores.
A única opção que Bolsonaro teria para mudar radicalmente a caótica estrutura política do Brasil, já como Presidente, e que até poderia ser considerado a sua “bala única”, seria a de acionar o comando da intervenção previsto no artigo 142 da Constituição, para o que deveria ter a imprescindível garantia do Ministro da Defesa e dos Comandantes Militares das Três Forças, nomeados pelo novo Presidente. A “faxina” deveria ser geral, inclusive com nova constituição, não poupando nenhum dos Três Poderes, inclusive o Legislativo e o Judiciário, grandes berçários, ao lado Palácio do Planalto, de todos males políticos e da corrupção desenfreada que hoje afligem o Brasil.
Sem o uso dessa alternativa, da sua “bala única”, sem dúvida Bolsonaro não conseguirá nem mesmo governar, conforme as suas reiteradas promessas. E aí estaria a sua grande chance de calar a boca dos que o criticam tão “ferozmente”, fazendo um governo melhor que qualquer outro anterior. Não é isso que “ele” quer?
Sérgio Alves de Oliveira
Advogado, sociólogo, pósgraduado em Sociologia PUC/RS, ex-advogado da antiga CRT, ex-advogado da Auxiliadora Predial S/A ex-Presidente da Fundação CRT e da Associação Gaúcha de Entidades Fechadas de Previdência Privada, Presidente do Partido da República Farroupilha PRF (sem registro).