Uma prodígia da matemática e sua morte precoce

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Uma prodígia da matemática e sua morte precoce, pois é, estou falando de iraniana Maryam Mirzakhani, única mulher a receber a Fields, medalha que é o Nobel dos matemáticos, morre de câncer aos 40 anos

A pioneira a iraniana Maryam Mirzakhani, a primeira mulher a ingressar no rol dos medalhistas Fields: só entram nessa seletíssima turma autores de trabalhos originais que reverberam no mundo do saber da Matemática.   

No muito restrito olimpo dos gênios da matemática, mulheres são uma raridade. E a conta ficou ainda menor na sexta, dia 14, quando a genial iraniana Maryam Mirzakhani morreu na Califórnia. Ela tinha apenas 40 anos e estava no auge. Em 2014, fez parte do quarteto de matemáticos — sendo um deles o brasileiro Artur Ávila — agraciado com a medalha Fields, a honraria máxima, equivalente a um Nobel. Quando subiu no palco de Seul, Coreia do Sul, para receber sua medalha, a primeira e única mulher a conseguir esta proeza, ela já lutava há um ano contra o câncer de mama que viria a lhe tirar a vida. “Seu trabalho foi de imenso impacto. Sem medo, fugindo da exposição, ela encarava problemas que a maioria considera fora de alcance”, elogia Ávila, que a conheceu em uma olimpíada internacional onde ambos, adolescentes, ganharam ouro.

A área de estudo de Maryam era a de sistemas complexos na geometria e na dinâmica. No comunicado da Universidade de Stanford, onde ela pesquisava e dava aulas, seu campo de especialização foi descrito como “a matemática teórica que soa como outra língua para quem é de fora”. Para Maryam, no entanto, era puro prazer. “Enxergar a beleza da matemática demanda energia e esforço”, disse em certa ocasião. Em outra, declarou sobre desvendar questões dificílimas: “É divertido, como montar um quebra-cabeça ou ligar os pontos em uma história de detetive”.

Maryam nasceu, estudou e se formou em Teerã, a capital do Irã . Deixou de querer ser escritora quando tomou ciência do talento para a matemática. Na primeira olimpíada internacional de que participou, aos 14 anos, ganhou um ouro; na segunda, além de repetir a dose, cravou um raríssimo “ouro 42” – acertou todas as questões. Depois de formada, mudou-se para os Estados Unidos, onde fez doutorado em Harvard. Ela não era muçulmana e se casou nos Estados Unidos com o também matemático checo Jan Vondrák, com quem teve uma filhinha, Anahita, de 6 anos.

Pequenina, cabelo curto, não usava joias nem maquiagem e tinha o hábito de trabalhar sentada no chão, rabiscando folhas de papel — suas “pinturas”, segundo Anahita. “Maryam era fora de série. Seu trabalho sobre fluxos de Teichmüller, uma área muito bonita e muito sofisticada da matemática, levou a teoria a um nível de profundidade que poucos acreditavam possível. Infelizmente, partiu cedo demais”, diz Marcelo Viana, diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).

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