Algumas considerações sobre o povo que irá escolher o próximo presidente
04/01/2018 às 11:50 Ler na área do assinanteAqui de longe, a impressão que tenho é que já não temos problemas no Brasil. Nada de balas perdidas no Réveillon, tiros de fuzil no pé e crianças que perdem a vida enquanto brincam.
Igualmente desapareceram a corrupção, os assaltos, o caos na saúde e o drama da educação pública.
Só a ausência de problemas (ou de neurônios/ de pia cheia de louça) justifica abrir debates acalorados, teses soluçantes e agressões violentas por causa de uma foto (muito bonita, aliás) de uma criança assistindo à queima de fogos no Rio.
Agora, além de técnicos de futebol, juristas renomados e especialistas em Previdência social, também desenvolvemos a habilidade de ler pensamentos de fotógrafos. Praticamente um povo de X-Men.
Igualmente sintomático é ver gente ofendida e disposta a defender Donald Trump das bombásticas afirmações que constam no livro de Michael Wolff que será lançado no próximo dia 9. Trump - que, se duvidar, não sabe sequer apontar no mapa onde se localiza Pindorama - deve estar comovidíssimo com a solidariedade.
Nada mais me surpreende depois que vi 5 milhões de almas curtirem a foto de Neymar beijando Bruna Marquezine e o assunto despertar histeria coletiva, ganhando as manchetes de todos os veículos de imprensa da Nação.
Parabéns, Brasil. É confortador saber que esse é o povo que vai escolher o próximo presidente da República. Aliás, esse comportamento explica as recentes pesquisas eleitorais.
(Texto de Sonia Zaghetto)