O número de profissionais que chegam à presidência antes dos 40 anos ainda é pequeno. João Rebequi, 35 anos, presidente da americana Valmont há três, é um dos exemplos de jovens líderes com rápida trajetória até o topo. Entre os fatores que contribuíram nesse caminho, Rebequi destaca a importância do início precoce no mercado de trabalho, a ousadia para transições necessárias e busca constante por aprendizado e compartilha alguns acontecimentos que o ajudaram nas conquistas.
João Rebequi é formado em Direito pela Unisinos, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV e Senior Executive Program feito na London Business School. Ocupa o cargo de Diretor Presidente da Valmont Brasil, multinacional americana líder na produção de pivôs centrais desde final 2013.
Você destaca as transições como fatores decisivos em sua trajetória. Como saber que é hora de fazer essa transição profissional?
JR.: Em primeiro lugar, acredito que, ao exercer um emprego, o profissional deve almejar enfrentar desafios e contribuir de maneira significativa para a companhia da qual faz parte. Além de ser reconhecido, gostar do ambiente de trabalho e ter um bom salário, é essencial ter motivação para acrescentar e produzir algo novo. Uma vez que o profissional perceba que sua contribuição para a empresa chegou ao seu máximo, um ciclo de fecha e é o momento de partir para novas empreitadas. Comigo, particularmente, foi assim. Quando olhava para meu ciclo profissional e entendia que tinha deixado uma marca e implementado mudanças consistentes, partia para novos caminhos.
Há alguma decisão em sua carreira que considere como momento-chave?
JR.: Quando sai da John Deere e fui para a CNH foi um momento difícil e ao mesmo tempo chave para meu crescimento. Estava há 11 anos em uma empresa na qual me formei como profissional e com a qual tinha uma grande identificação de valores. Por isso, quando tive a oportunidade de mudar para a CNH, o desafio era maior do que me ajustar a um novo time. Era preciso-me adaptar a uma nova cultura (uma empresa é americana e a outra italiana). A escolha foi acertada pois me permitiu ampliar minha área de atuação, ao reformular a estratégia da marca New Holland no país.
O que muda na vida do profissional ao se tornar presidente da empresa?
JR.: Na minha, particularmente, não mudou muita coisa, pois sempre busquei grandes responsabilidade dentro das companhias. O que vem junto com o posto de liderança é a preocupação com as pessoas. Como líder, minha função é inspirar e otimizar a atividade dos demais.
Qual a influência da geração Y no modelo de liderança atual?
JR.: Acredito que a gestão sofre influência direta na necessidade de atualização constante dos líderes, para não perdermos talentos. É preciso reconhecer que as habilidades dos jovens podem ser diferentes daquelas dos profissionais tradicionais, e entender que os novos talentos são nossos aliados.
Como contorna a falta de repertório por ser um presidente tão jovem?
JR.: Minha trajetória é um pouco distinta da maioria dos CEOs e líderes, pois comecei a trabalhar bem cedo. Aos 14 anos, ingressei no mercado de trabalho por meio do Projeto Guri Trabalhador, do RS, e não parei mais. Quando cheguei à presidência da Valmont, tinha 32 anos, ou seja, novo em idade, mas com 18 anos de experiência profissional, o que considero um tempo razoável para amadurecimento e para se conquistar o posto principal em uma organização. O que, eventualmente, faltar pela pouca idade, conforme disse anteriormente, é compensado na troca com profissionais mais velhos, lembrando que um líder nunca age sozinho, mas em sinergia com sua equipe. O que citei como importante para os demais gestores vale também para mim.