Nessa conturbada quadra da sucessão presidencial indefinida até agora, inclusive sem saber-se ao certo se Lula irá, ou não, concorrer, “aquela” conhecida Rede de Comunicação que tanta influência já exerceu na política do Brasil resolveu entrar de “sola” nessa disputa.
Deve ter pensado que no meio de toda essa “poeira” levantada : “esse é o momento certo para agir e tirar proveito”.
O poder da Globo não pode ser menosprezado. Ela sabe disso melhor que ninguém. De uma pequena empresa de comunicação que era antes da instalação do Regime Militar, em março de 1964, a partir daí teve um crescimento extraordinário, sempre “apadrinhada” pelos favores e tolerâncias do Regime que recém se instalara. Uns até garantem que a Globo teria recebido enormes investimentos vindos do exterior, que eram proibidos pela legislação brasileira na área das comunicações, “disfarçados” em aluguéis prediais.
É evidente que essa relação amistosa rendeu uma parceria íntima de “negócios” entre os Governos Militares e a Globo.
O Governo fechava os olhos para as “trambicagens” da sua parceira. Em troca recebia propaganda governamental. Por seu turno, a Globo garantiria junto à opinião pública a plena sustentação do Regime Militar.
Essa perfeita “lua de mel” durou até a primeira metade dos anos 80. O Regime Militar entrava na fase de desgaste, apesar das grandes obras de infraestrutura que realizou. E a Globo também virou-lhe as costas. Já tinha obtido tudo o que queria. Tinha novos planos. O Regime Militar “já era”.
Vendo a decadência do Regime Militar e a sua concordância em devolver o poder aos políticos, nas palavras dos então Presidentes Ernesto Geisel e João Figueiredo, a Globo imediatamente passou a apoiar a renovação. É evidente que a sua imagem teria que ficar ”simpática” com os “próximos”.
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Importante é sublinhar, contudo, que a saída dos militares do poder foi espontânea, apesar de um certo “desgaste” ter reforçado essa atitude.
Mas engana-se quem pensa que a Globo não teve participação decisiva em TODAS as eleições que se seguiram após a saída dos militares. Ela sempre se saiu vitoriosa, mesmo com o PT, apesar das aparências e “teatrinhos” em contrário.
Collor de Melo, por exemplo, foi pura “construção” da Globo. Mas sua destituição por impeachment também foi obra da Globo. A Câmara e o Senado só assinaram o papel.
Recentemente começaram comentários no sentido de que o apresentador Luciano Huck, da Globo, estaria inclinado a disputar a Presidência da República. Uns pensaram que era brincadeira ou deboche. Eu não.
Agora está confirmado. Luciano Huck será o candidato da Globo a Presidente da República, nas eleições de 2018, apesar da “ameaça” pública que a empresa lhe fez no sentido de demiti-lo, caso ele prossiga nesse intento. Essa foi a maior prova dessa certeza. Huck será mesmo o candidato.
Com esse novo “disfarce”, Huck estará garantindo os votos de todos os “macacos-de-auditório” da Globo e também dos críticos a ela. A Globo com certeza fará propaganda “contra” ele, na aparência, mas ela funcionará ao contrário. Funcionará “pró-Huck”. Bem ela sabe que além de Huck ser um “estrangeiro” na política brasileira, tão desmoralizada, nada pesa sobre a sua idoneidade. Ele é “ficha limpa”.
Somados esses excelentes requisitos à sua inigualável popularidade, é certo que ninguém o baterá, nem Lula, se for o caso. Isso se deve ao fato de que a maioria dos eleitores brasileiros pensa mais com a “bunda” do que com a cabeça nas escolhas que faz na sua deturpada democracia.
O único perigo que ele teria pela frente seriam as “urnas eletrônicas” da Justiça Eleitoral, mas a Globo tem “poder de convencimento” suficiente para trazê-las para seu lado, se preciso for. As partes envolvidas nesse tipo de operação não teriam grande problema para os “acertos”. Os níveis de moralidade, (i)moralidade ou (a)moralidade de todas as partes envolvidas são equilibrados.
Partidos políticos interessados na candidatura de Huck são muitos. É só dar um estalo de dedos que vários oferecerão suas siglas.
Bom é lembrar que Collor foi eleito por um partideco qualquer (PRN), sem tradição eleitoral. Isso agora poderia se repetir.
Esse fenômeno sempre pode acontecer quando o eleitorado respectivo, por sua maioria, não tem o devido preparo para exercer a legítima democracia e facilmente se deixa envolver pelos vigaristas da política.
Sérgio Alves de Oliveira
Advogado, sociólogo, pósgraduado em Sociologia PUC/RS, ex-advogado da antiga CRT, ex-advogado da Auxiliadora Predial S/A ex-Presidente da Fundação CRT e da Associação Gaúcha de Entidades Fechadas de Previdência Privada, Presidente do Partido da República Farroupilha PRF (sem registro).