Matemática: ela está nas coisas mais simples da vida

14/11/2017 às 10:07 Ler na área do assinante

Até quem detesta matemática sabe que os números estão aí para ajudar. ‘É a ciência que estuda padrões’, afirma o matemático Marcelo Viana.

Mais de 4,5 milhões de candidatos fizeram, no domingo (12), a segunda etapa das provas do Exame Nacional do Ensino Médio, questões de ciências exatas, como a matemática.

Matemáticos mais jovens estão criando métodos que facilitam e desperta o interesse das pessoas pela Matemática, é o caso do  método X Y Z criado pelo Matemático Valdivino Sousa, que tem como intuito de mostrar para os alunos uma forma de aprender equação de primeiro grau com o uso de objetos ilustrativos. Para saber mais sobre o método X Y Z acesse: https://valdivinosousa.blogspot.com.br/2017/11/revista-educacao-matematica-metodo-x-y.html

Ela tem fama de difícil e, por isso mesmo, talvez seja uma ciência injustiçada, vítima de muito preconceito, porque a matemática, tão temida pela complicação, está presente nas coisas mais simples da vida.

Você gosta de números? Não? Então vamos passar um dia sem eles.

Os problemas nascem junto com o Sol. Ele é o único ponteiro do nosso único relógio. Sem os números, o homem não inventou as horas.

Até quem detesta matemática já percebeu que, quando aparecem, os números estão aí para nos ajudar. Um, dois, três, é impossível fugir. Fazemos contas toda hora, todos os dias, às vezes sem perceber.

O goleiro vive calculando a bissetriz de um ângulo para fechar o gol. Já o atacante passa o jogo calculando o ângulo inscrito que permite o chute. Ainda bem que os números existem.

E, no mundo dos números, o Brasil tem um lugar de honra: o Impa, Instituto de Matemática Pura e Aplicada. Em meio à Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, cientistas brasileiros e estrangeiros desenvolvem algumas das pesquisas mais avançadas da matemática.

O matemático Marcelo Viana é o diretor do Impa e aceitou o desafio: vai resolver o problema da nossa casa sem números.

Repórter: Marcelo, bem-vindo. Muito obrigado por ter vindo. Foi fácil chegar?

Marcelo Viana: Olha… Foi meio complicado, porque não tinha número.

Repórter: Isso é verdade.

E como é que um matemático começa a contar? Do mesmo jeito que a humanidade começou: com os dedos da mão.

“Nós temos dez dígitos. ‘Dígitos’ significa ‘dedo’, em latim, então nós temos dez dígitos de zero até nove exatamente, porque a gente tem dez dedos na mão. Se nós fôssemos alienígenas com 15 dedos, talvez estivéssemos representando os nossos números de outra forma”, explicou o matemático.

Foi Charles Darwin quem disse que a matemática é como um sexto sentido: com ela, enxergamos um mundo que antes parecia não existir.

“A matemática é uma grande amiga. Sem dúvida”, afirmou o matemático Marcelo.

É a maneira que os homens encontraram para ler o projeto do universo. Os objetos e a natureza mandam mensagens o tempo todo.

“Você olha plantas, você não vê folhas todas alinhadinhas uma por cima da outra. Isso seria ruim para eficácia da planta, porque a folha de cima faria sombra. Como é que elas fazem? Elas se organizam em uma estrutura em que a folha que está abaixo está um pouco rodada, um pouco descolocada, em relação à de cima. E o modo como essa rotação acontece, essa organização, está governada, está determinada por uma sequência de números que é famosa na matemática, que é a sequência: um, um, dois, três, cinco, oito, 13, 21, 34. Cada número é a soma dos dois anteriores. É isso que caracteriza a sequência de Fibonacci”, explicou o matemático.

Repórter: Essa plantinha sabe matemática?

Marcelo Viana: Essa plantinha sabe muita matemática.

Forma, estrutura, volume, tempo, movimento, espaço. Mesmo quem não gosta de fazer contas pode gostar muito de matemática.

“De fato é difícil dizer o que que é a matemática, resumir o que que é a matemática, mas se eu tivesse que resumir, eu diria que é a ciência que estuda padrões”, disse Marcelo Viana.

Ainda bem que é possível fazer matemática sem números, porque matemática com pizza é muito melhor: brota mais fácil o estalo do conhecimento.

Nosso professor é o Cristiano, um mestre dos sabores e também das formas, proporções, cálculos intuitivos, regras de três.

“Sinceramente eu não sabia que eu fazia tanta conta”, disse Cristiano.

“Viu só? Mais um que usa a matemática sem saber”, disse o matemático Marcelo Viana.

“Onze anos fazendo a mesma coisa. Quantas pizzas eu já não fiz”, disse o cozinheiro.

Diante de um matemático, uma pergunta como essa não fica sem resposta.

Marcelo: Você faz mais ou menos quantas pizzas por semana?

Cristiano: Uma média de umas 1.400.

Marcelo: 770 mil pizzas que você tem, Cristiano.

Cristiano: É pizza demais.

Marcelo: Caramba.

Cristiano: Não vejo a hora de chegar na pizza do milhão.

Marcelo: Quase lá.

Marcelo: Mais uns três, quatro aninhos você chega na pizza do milhão, você liga para mim, me convida eu venho comer essa aqui. 0800.

Nem é preciso ser matemático para gostar desse número. Mas vamos para mesa, onde outro problema nos espera. Como dividir três pizzas para dois? Lembra aquela história de que o matemático enxerga mais do que os outros?

Marcelo: Estou olhando aqui. Além das pizzas, eu enxergo um triângulo retângulo.

Aí está ele!

Marcelo: E você conhece o teorema de Pitágoras?

Repórter: A soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

Marcelo: Em linguagem de pizza, o que isso significa é que o tamanho dessa pizza, que está em um cateto, mais o tamanho daquela pizza, que está no outro cateto, é igual ao tamanho daquela pizza que é a pizza da hipotenusa.

Repórter: Viva Pitágoras!

Marcelo: Viva Pitágoras!

Quem prefere simplesmente cortar a pizza em oito pedaços também faz matemática, fabricando frações.

Marcelo: Isso é um oitavo. Aposto que você nunca imaginou que uma fração como um oitavo fosse tão cheirosa e tão saborosa.

Repórter: É verdade.

Marcelo: Bom apetite, Bassan.

Repórter: Bom apetite. Boa fração.

da Redação
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