Após ser trucidado em CPI, Wesley lê carta aos brasileiros
08/11/2017 às 12:42 Ler na área do assinanteO delator da JBS Wesley Batista sofreu duros ataques nesta quarta-feira (8) durante o seu depoimento na CPI da JBS.
Um dos mais veementes foi o deputado João Rodrigues (PSD-SC), que o acusou de ser participante de uma ‘quadrilha’.
“Talvez, neste momento, o senhor queira ser apenas o açougueiro do frigorífico, e não o dono do grupo. Mas quando o senhor se envolveu em ações promíscuas, o senhor cometeu crimes graves. O senhor pegou dinheiro ilícito, está provado, para pagar propina para ladrão. O senhor e o seu grupo, o senhor e a sua quadrilha. Muita gente foi cooptada pelo senhor.”
O deputado ainda prosseguiu acusando Wesley de ter tratado o Judiciário com deboche:
“como se fosse o porão da casa de vocês, o Ministério Público como se fosse um bando de bandidos e o Legislativo brasileiro como um lugar apenas de canalhas”.
E finalizou
“No dia seguinte à delação de vocês, vocês pegaram um jatinho e foram para Nova York, dando risada dos palhaços deste país. A Justiça tarda, mas não falha. Isto aqui é só um começo. Vocês vão pagar por tudo o que fizeram por este país. Vocês contribuíram para piorar este país.”
Diante do silêncio de Wesley, o deputado arrematou:
“Se falasse, seria honesto e decente pelo menos uma vez na vida. Desejo ao senhor uma boa hospedagem (na cadeia) e que ela dure por muito tempo.”
E realmente Wesley permaneceu mudo, abrindo a boca apenas para a leitura de uma tal carta aos brasileiros. Veja:
“Não me arrependo de ter decidido colaborar com a Justiça brasileira. Por sinal, o acordo de delação (da JBS) foi o mais eficaz que já se viu.
Nós não tínhamos noção do quanto isso afetaria as nossas vidas, as nossas famílias, os nossos filhos.
Foi um processo de profunda transformação pessoal e profissional. Tornar-se um colaborador não é uma decisão fácil, dá medo e causa muita apreensão.
Hoje, na condição em que me encontro, descobri que é um processo imprevisível e inseguro, para quem decide colaborar. Mas continuo acreditando na Justiça brasileira.
Acredito que estamos vivendo agora um imenso retrocesso daquilo que eu esperava ser um profundo processo de transformação do nosso país. O que vejo são colaboradores sendo punidos e perseguidos pelas verdades que disseram.
As delações dos últimos anos fizeram o país se olhar no espelho, mas como ele (o país) não gostou do que viu, o resultado tem sido este: colaboradores presos e delatados soltos.
Estou preso por um crime que jamais cometi. Jamais descumpri o acordo de colaboração celebrado com o Ministério Público Federal. Tão logo essa situação seja resolvida, com a autorização expressa da Procuradoria-Geral da República, eu me comprometo a prestar todos e quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários, para continuar colaborando com a Justiça brasileira. Obrigado.”