A história é de todos conhecida.
“Foi golpe!”: é o mantra entoado, até hoje, exaustivamente pelo PT e partidos da oposição desde o processo de impeachment da senhora Dilma Rousseff, findado em 17/04/2016.
Assume a presidência o vice senhor Michel Temer.
Enquanto tudo isso acontecia, as investigações da Lava-jato, iniciadas em 17/03/2013, seguiam o seu curso.
Um verdadeiro tsunami tomou conta do mundo político e acirraram-se as relações, não só entre os políticos, como também, entre setores da sociedade organizada, além, igualmente, entre pessoas comuns com crenças ideológicas antagônicas.
Lá se vão mais de três anos de intrigas, teorias, teses, opiniões e outros tantos movimentos de pensamentos tomando lado.
Já vai chegando o período eleitoral que revelará o novo Chefe de Governo e Estado. Ninguém ainda arrisca um palpite sobre quem herdará tamanho fardo, dadas as profundas modificações político-legislativas levadas a cabo no período “Temeriano”, e as que ainda estão por vir.
Mas, como convém, em questões políticas tudo se ajusta às conveniências; não duvide!, o político acomoda cinco elefantes num fusca: 3 atrás, 2 na frente.
Para recordar: em 2016 o Partido dos Trabalhadores exarou uma Resolução que proibia coligações, especificamente, com políticos e partidos que apoiaram o processo de impeachment de Dilma. O aval foi dado pelo próprio Lula à direção do PT.
Se quem pode dar, pode tirar. O próprio Lula agora inaugura a exceção e anuncia apoio à reeleição de Renan Calheiros e Renan Calheiros Filho, ambos do PMDB, ambos de Alagoas, ambos disseram “SIM” à cassação do mandato de Dilma Rousseff. Cinco elefantes num fusca: PT, PMDB, RENAN, RENANZINHO e LULA. Não é incrível!?
Conveniências, conveniências. É a mercê destas que ficamos nós, povo, cuja única arma de que dispomos não sabemos como e quando usar – o voto.
Se Lula será candidato, não sei. Se o PT sairá vencedor nas próximas eleições, também não sei. Será (?) o PMDB ou o PSDB, outro ator desta novela mexicana atolado em malfeitos, sei menos ainda. Uma coisa eu sei: os elefantes serão confortavelmente acomodados.
Assim é aqui, nestas bandas brasileiras.
No Brasil de hoje a anormalidade é normal e a exceção, regra! Todos veem, mas ninguém enxerga (ou fingem não enxergar). É, tal como, aquele que observando a superfície calma de imenso oceano nele se atira apesar de saber que abaixo reinam soberanas correntes marítimas, afoitas e ordinariamente convulsivas; fácil afogar-se pela singeleza do olhar, ainda que experiente, mas moldado na idiossincrasia dos donos do Poder. – O Brasil é um oceano de superfície calma e profundezas odientas; muitos hão de se afogar, ainda. Estamos reduzidos, parece-me, a polarização de Maniqueu cuja doutrina funda-se em dois únicos extremos opostos: o Bem e o Mal. Tudo o que os entremeia faz parte de uma conspiração (maniqueísta) na busca de um solitário resultado: o mais conveniente, por óbvio, que serve aos mais fortes. Na política a diatribe é parte de um script maior, mais denso que esconde objetivos muito particulares e nada republicanos. E na beira do abismo moral e da falência ética, o povo prossegue como grei obediente da elite política, tal qual aquele que observava o mar de calma superfície. Hoje, destroem o patrimônio maior de uma sociedade, seu sentido e sentimento de Nação; amanhã se debaterão com as forças submarinas. Os “paus-mandados” são os tais primeiros a afogarem-se. A elite não moverá dedos, e desviará o olhar de modo a preservar-se da obrigação de salvá-los. Serão todos despiciendos e substituíveis; por agora servem ao que se prestam: anarquizar. Não há arma mais considerável para a fixação das raízes ideológicas de uma elite do que a anarquia levada a cabo por aqueles que, enganosamente, imaginam estar lutando por um bem que é só seu. “Fiat Lux” na arena da vida e jogue-os aos leões.
JM Almeida
João Maurino de Almeida Filho. Bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Jurídicas.