Carta aberta para a ministra Luislinda Valois

03/11/2017 às 19:55 Ler na área do assinante

Em primeiro lugar confesso à senhora que me assustou o fato de a senhora pedir um salário de R$ 60 mil reais, alegando que a não acumulação do salário de Ministra com o salário de Desembargadora, assemelha-se ao trabalho escravo.

Ministra, sinceramente, num país com 14 milhões de desempregados, sem os "direitos humanos" do trabalho e renda, sem os "direitos humanos" do acesso à saúde de qualidade, sem os "direitos humanos" a medicamentos que muitas vezes faltam em hospitais e postos de saúde, sem os "direitos humanos" de segurança, num país cujas polícias estão sucateadas, e nesse país, onde os direitos humanos de alimentação não chegaram a boa parte da população, nós, brasileiros, não vemos sequer a utilidade do seu Ministério, a justificativa para a sua existência e a necessidade da senhora no cargo. Mas vamos ponderar.

Ministra, a senhora em 207 páginas justificou a necessidade de ganhar R$ 60 mil reais, alegando trabalho escravo, não foi? Talvez a senhora possa até ter razão, pois R$ 30 mil é um salário aviltante para qualquer ser humano. Porém, gostaríamos de lhe fazer uma proposta: 

Primeiro, que antes de pedir esse merecido aumento, a senhora abrisse mão do seu apartamento funcional pago com o dinheiro público, do seu carro oficial também pago com o dinheiro público, das passagens de avião igualmente pagas com o dinheiro público, e das mordomias de Brasília;

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Em seguida, que a senhora passasse três meses apenas na pele de uma operária que ganha R$ 1.200 por mês, acorda 5 horas da manhã, pega um ônibus lotado, gasta em média R$ 200,00 por mês de passagem, que paga um aluguel de R$ 500,00 (no mínimo) numa comunidade, sobrando-lhe R$ 500,00 para alimentação, remédios, material escolar dos filhos, vestuário... Enfim, no lugar daquela operária que no fim termina com R$ 16,00 por dia e não R$ 2.000,00, mas não reclama que trabalha como escrava.

Ministra, fique esse período ganhando R$ 16,00 por dia, e dependendo de vagas em hospitais públicos, que é um direito humano, e não ache. 

Viva em áreas dominadas pelo tráfico, porque a segurança é um direito humano que uma operária não tem. Coloque seus filhos numa escola pública com um ensino péssimo, porque a educação de qualidade é um direito humano que os filhos de uma operária não tem. 

Tente minimamente comer a sobra da sobra, e racionada, em vez de suas lautas refeições, porque uma boa alimentação é um direito humano que uma operária não tem. E o seu Ministério é do quê mesmo?

Se depois de tudo isso a senhora tiver coragem, faça o seu pedido de R$ 60 mil por mês, alegando trabalho escravo. Mas se for negado, tenha dignidade. Liberte-se dos grilhões que a prendem, peça demissão do Ministério que a senhora diz ser senzala, e saia pela porta que sempre esteve aberta, mas com a certeza de que nenhum feitor ou capitão do mato irá em sua captura. Se o seu cargo, com o seu salário, é um trabalho escravo, a senhora tem a opção de se dar a alforria, e ao mesmo tempo alforriar-nos da sua desfaçatez.

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