Estado do TO dá calote em Anestesistas: "O outro lado do paraíso" não é aqui (veja o vídeo)
01/11/2017 às 15:06 Ler na área do assinanteComo pode um médico sobreviver sem receber os seus salários há meses?
É muito comum vermos publicações na imprensa oficial, dependente de propagandas do governo, culpabilizando os médicos pelo caos em que se encontra a saúde pública brasileira.
O Estado do TO é um belo exemplo do que realmente vem acontecendo em vários Estados, principalmente dos longínquos estados do Norte e Nordeste.
Como médico anestesiologista, cooperado da COOPANEST há 18 anos, proveniente da região sudeste, sou testemunha ocular do crime que vem sendo cometido contra os médicos brasileiros que resolveram acreditar no interior do Brasil, neste caso específico, o Estado do TO.
"Você trabalharia 12 meses sem receber?", essa foi a pergunta que estava estampada, em forma de um slogan, em uma camiseta, que utilizei, há 1 ano atrás, em meus 4 dias de greve de fome, em protesto por este atraso salarial absurdo, que quase "matou" de fome os médicos tocantinenses, para não dizer a sua dignidade.
Estamos novamente em apuros. Os anestesistas do estado do TO, estão há meses sem receber os seus honorários (A dívida gira em torno de R$ 7.500.000,00).
___________
___________
Como fixar o médico no interior do país, se o estado teima em tentar de todas as maneiras matá-lo de fome?
Falta de condições de trabalho, de infraestrutura e de segurança no trabalho, são outras dificuldades enfrentadas por aqueles profissionais que se aventuram pelo interior.
O Estado do TO está desrespeitando seus médicos anestesiologistas, que por uma necessidade primária, alimentar suas famílias e honrar os seus compromissos financeiros, estão, aos poucos, sendo obrigados a abandonar este belo estado do Brasil (30% dos anestesistas já deixaram o TO neste ano).
Infelizmente, "O OUTRO LADO DO PARAÍSO" não está sendo aqui. A angústia, o desrespeito e a insegurança profissional, tem sido uma marca registrada na relação do Governo do Excelentíssimo Governador Marcelo Miranda, para com seus profissionais anestesistas.
O atual secretário de Estado de Saúde do Tocantins, Marcos Esner Musafir, ex-Secretário de Saúde dos governadores do Rio, Sérgio Cabral e Pezão, precisa compreender que os médicos anestesistas, apesar de sua resiliência e de seu compromisso com a sociedade tocantinense, estão chegando ao limite de sua resistência.
Até quando a judicialização será a única alternativa para tentar receber o que nos é de direito: O nosso salário?
Ministra Rosa Weber: os médicos tocantinenses também não podem se sujeitar a um sistema de "Trabalho análogo à escravidão".
Da mesma forma que os "escravos cubanos", do programa Mais Médicos, pedimos socorro.
Nota da Redação:
Comunicado à imprensa emitido pela Coopanest
NOTA À IMPRENSA E À SOCIEDADE
A COOPANEST/TO - COOPERATIVA DOS MÉDICOS ANESTESIOLOGISTAS DO TOCANTINS, prestadora de serviços médicos de anestesiologia aos Hospitais da Rede do ESTADO DO TOCANTINS, em atenção à imprensa e à sociedade, em virtude da impossibilidade momentânea de fornecimento integral dos serviços à população Tocantinense, esclarecer que:
1) Os atrasos nos pagamentos do ESTADO DO TOCANTINS, referentes ao Contrato 212/2011, ocasionaram colapso insanável nas contas da COOPANEST e seus cooperados;
2) O crédito da COOPANEST para com o ESTADO DO TOCANTINS é superior a R$ 8.000.000,00 (oito milhões de reais);
3) A COOPANEST não tem fins lucrativos e os valores recebidos à título de prestação de serviços são repassados aos cooperados, com retenção apenas das taxas administrativas;
4) Os honorários do profissional médico, tal como, vencimentos, subsídios, proventos e salários, possuem caráter essencialmente alimentar, vez que, revertidos ao sustento próprio e da família do trabalhador;
5) A insuficiência financeira da COOPANEST e de seus cooperados, ocasionada pela inadimplência do Estado, acabou por motivar o pedido de afastamento de diversos cooperados, ante as diversas cobranças e ameaças de credores, inclusive, credores de serviços essenciais como concessionarias de agua, luz e telefone, bem como, a necessidade de manter dignamente o sustento de suas famílias;
6) A COOPANEST, em razão de sua natureza de prestadora de serviços, não possui capacidade financeira para contratar profissionais para substituir seus cooperados e, muito menos, para prestar serviços amargando prejuízo mensal de aproximadamente R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), que é o valor da fatura mensal;
7) O ESTADO DO TOCANTINS não tem qualquer previsão para o adimplemento da conta com a COOPANEST e, inclusive, descumpre ordem judicial emanada da Justiça Federal que determinou a realização dos pagamentos regularmente;
8) A COOPANEST, por sua vez, mantém conduta conciliadora e busca da melhor forma a solução do imbróglio e da manutenção dos serviços à população, inclusive, assinou novo contrato com o ESTADO DO TOCANTINS em razão das promessas de pagamentos e da inexistência de outras empresas interessadas na licitação realizada;
9) O inadimplemento do ESTADO DO TOCANTINS é motivo de força maior a ensejar a suspensão parcial dos serviços, isto porque, apesar de previsível, não pôde ser impedido pela COOPANEST;
10) Em razão de tais motivos, não foi possível fechar as escalas de plantão para este mês de novembro/2017 e, consequentemente, os serviços serão prestados com escala reduzida, até a solução do caos financeiro instaurado;
A COOPANEST encontra-se disponível para negociação com o ESTADO DO TOCANTINS, desde que, sejam assegurados os direitos e o sustento de seus cooperados.
COOPANEST/TO
Roberto Corrêa Ribeiro de Oliveira
Médico anestesiologista, socorrista e professor universitário