Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou
Dilma assente com o convite de Lula a FHC para uma conversa sobre a situação do país. Será mesmo essa a natureza das coisas?
24/07/2015 às 12:08 Ler na área do assinanteNa iminência de ver ainda mais agravada a sua situação, Dilma concorda com que Lula e FHC conversem entre si. E, mais: quer participar. O assunto: oficialmente, discutir os graves problemas que o país vem enfrentando. Oficiosamente: é o PT e a Presidente Dilma num esforço conjunto de demonstrar humildade e convencer que eles também são capazes de ouvir a oposição. Particularmente, não acredito nem numa coisa nem noutra. O PT quer sim abstrair do PSDB a impressão que não consegue captar das sensações da sociedade. É a demonstração mais evidente de que o governo se perdeu de vez, está sem rumo e não tem a bússola para reencontrar o Norte.
O PT e a Presidente estão numa situação tal que, com o aparente enfraquecimento do Ministro Joaquim Levy que, sem precisar admitir nada, os fatos, por si só, revelam que perdeu para uma realidade incontestável – derrota reafirmada com a decisão de Dilma de reduzir para 0,15% do PIB a meta do superávit primário para este ano, além das fragorosas derrotas sofridas na Câmara e no Senado – o que enfraqueceu a imagem do Ministro e do país nos mercados investidores, o risco do impeachment ou a possibilidade – que não é remota – de Dilma ver-se obrigada a renunciar, frente às inúmeras questões levantadas e que flertam com a improbidade administrativa e crimes eleitorais, agora buscam aproximarem-se de Fernando Henrique Cardoso em busca de apoio (conchavo, mais provável); não é conselho não!
Fato 1: realmente é comum presidentes e ex-presidentes conversarem entre si, quando se tem em pauta uma situação "sui generis", com alguma complexidade e que justifique, pelo caminho do bom senso, a troca de experiências para a superação de dificuldades extraordinárias ou iminente situação de afetação da conjuntura estruturante de governança que prejudique o país. Mas, também é fato de que essa relação, via de regra, se dê no campo institucional. Fato 2: o governo conta com o apoio do maior e mais influente partido brasileiro - o PMDB - ao qual pertence o Vice-presidente da República, Michel Temer. Estranho, pois, sendo ele, além de um dos mais conceituados constitucionalistas brasileiros, ser também o condutor da articulação política de Dilma, com pouco jeito, parece. Fato 3: durante as eleições, Dilma afirmou e reafirmou que o seu adversário, Aécio Neves, representava o passado (referindo-se aos governos do PSDB, por Fernando Henrique Cardoso), e que sua vitória importaria em trazer de volta a inflação, o desemprego, aumentar a carga tributária, reduzir os benefícios sociais, acabar com os programas sociais etc., provocando o retrocesso e até a recessão. Fato 4: o eleitorado do PT, que eu divido em dois - os fiéis apaniguados e o povo necessitado - apoiou Dilma Rousseff; os primeiros pela fidelidade sustentada no interesse e os segundos pela esperança da manutenção dos benefícios sociais implementados pelos governos petistas durante mandatos de Lula e, em parte, de Dilma, decepcionaram-se. Fato 5: Eleita e iniciado o seu segundo mandato que mal completa sete meses, Dilma vê a máscara cair e descortinar os problemas que já existiam e foram propositadamente ocultados para garantir a sua vitória e que agora enfrentamos - que não são poucos nem de fácil solução - indicam as mentiras que sustentaram trezes anos de governo inconsequente, irresponsável e, cujo maior objetivo é, e sempre será, zelar pela própria sigla de um partido que está desmoronando, justamente por trazer de volta a inflação e o desemprego, aumentar a carga tributária, reduzir os benefícios sociais, desestimular os programas sociais (bolsa família, pronatec, minha casa-minha vida, etc.) e, ainda pior, colocar o país em franca recessão, a considerar as últimas movimentações que articulavam, a princípio, um superávit primário de 1,1% do PIB e agora acertado em 0,15%; o Plano de Joaquim Levy estaria fazendo água e nos levando para um déficit primário? É o que parece. Fato 6: os acontecimentos que agora se desdobram nos Tribunais do país, revelam além da incompetência, um governo infeccionado e tomado pelas práticas espúrias que ajudaram a dilapidar as reservas fiscais do país trazendo a reboque graves problemas de caixa e, principalmente, de credibilidade junto aos mercados investidores - domésticos e internacionais - agravando ainda mais a crise atual. Fato 7: com a sucessão de escândalos, todos durante os governos petistas, o Brasil veio pouco a pouco perdendo o seu grau de investimentos e está vendo despencar os seus "raitings" em toda a agência de risco; ontem (23/07), a Austin Rating rebaixou a nota de crédito do Brasil de BBB- para BB+, o que significa perda do grau de investimento. Ou por outra, passa a ser considerado um mercado de risco por não ser mais considerado um "bom pagador". Por certo, outras agências como a Fitch Ratings, Standard&Poor's e Moody's tendem a fazer o mesmo nos próximos dias. Fato 8: A real e verdadeira verdade que está por detrás desse pedido de ajuda ao FHC, não é, senão, um aceno de afogado que pode levar junto para o fundo das águas, o PSDB. Ele que se cuide, pois, nessa situação o partido de oposição corre o risco de ver suas pretensões de ganhar as eleições em 2018 afundar também, desaparecendo no leito do volume morto da indecência, além de anular por completo o seu status de oposição ao Governo petista, o que já não anda muito bem, convenhamos. Com uma oposição como essa, até os inimigos são bem-vindos.
JM Almeida
JM Almeida
João Maurino de Almeida Filho. Bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Jurídicas.