Socorro, Rudolph Giuliani! Venha até nós. O Rio precisa de você "de janeiro a janeiro"

25/09/2017 às 13:10 Ler na área do assinante

É inacreditável, mas é verdade. Foi neste domingo (24). Reunidos num palco lá estavam eles, Crivella, Pezão, Moreira Franco, Ricardo Amaral, Roberto Medina e outros mais ‘notáveis do efêmero’, anunciando o lançamento de um tal programa para 2018 denominado ‘Rio de Janeiro a Janeiro’.

É um calendário improvisado e mirabolante, que prevê a realização de ‘grandes eventos na Cidade durante todo o próximo ano’ e que reúne os governos federal, estadual, municipal e a iniciativa privada. O governo Temer já garantiu R$ 200 milhões! Quanta patifaria junta.  Saibam o que algumas figuras declararam neste tal lançamento: 

"O Rio vive uma situação constrangedora e terrível. Acredito que o programa ‘Rio de Janeiro a Janeiro’ pode causar um ‘virada’ na situação financeira e social do estado, que é difícil e constrangedora. Espero que o programa consiga restabelecer um ambiente de confiança e segurança para os moradores" (Moreira Franco, Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República). 
"Para melhorar a segurança, seria bom ter Olimpíada ‘todo mês’, porque é um evento do Brasil" ( Marcello Crivella, prefeito do Rio ).
"Não temos apenas o Rock in Rio. Temos dezenas de grandes eventos que já acontecem tradicionalmente e que nossa indústria tem planos de realizar outros eventos com a mesma potência" (Sérgio Sá Leitão, Ministro da Cultura).
"A juventude está quase "prisioneira" de traficantes de drogas e tais eventos alavancam a economia carioca" (Osmar Terra, Ministro do Desenvolvimento).

Tudo asneiras e mais asneiras. 

Todos esses senhores, que não passam de ilusionistas, que nunca se preocuparam com o bem-estar do povo brasileiro, muito menos com a população carioca, eles querem, agora, festanças, eventos internacionais o ano inteiro, num país e numa cidade dilaceradas pelos efeitos da corrupção dos chamados "governantes" que muitos deles são ou foram no passado.

Querem dar ao povo pão e circo, modo que os imperadores romanos encontraram para manter a plebe servil.

Que façam uma pesquisa, uma enquete, e perguntem à população se eles querem os tais "grandes eventos no Rio de Janeiro a Janeiro de 2018". A resposta será um sonoro não. Não queremos.

Sabemos que são imaginações fantasiosas que, se de fato ocorrerem, nenhum ganho trará para o povo. Não será com o lucro de grandiosos eventos que o Rio vai ficar menos pior. Que legados teve o povo com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016? Que ganha o povo com os carnavais?. Até a alegria de outrora o carioca já perdeu!

Essa possibilidade de geração de emprego é mera ficção. Se gerar, é por curto tempo. Será "bico". E com salário de baixo valor.

Na Olimpíada do Rio os caciques olímpicos roubaram a força de trabalho de mais de 50 mil voluntários que trabalharam muito e não receberam um centavo. E o fabuloso lucro com o evento que benefício trouxe para o povo?

O mesmo aconteceu com a Copa do Mundo de 2014: voluntários, obras superfaturadas e muito mal edificadas, governantes processados e presos e tudo hoje abandonado e caindo aos pedaços. Eis os legados.

Desde quando CBF (Confederação Brasileira de Futebol), FIFA (Associação Internacional das Federações de Futebol), COB (Comitê Olímpico Brasileiro, agora com novo nome - Comitê Olímpico do Brasil -, para tornar menos pior a imagem da instituição), COI (Comitê Olímpico Internacional), desde quando tais entidades, em que o dinheiro entra e sai "pelo ladrão", obraram por benemerência, sentiram piedade e abriram seus cofres para dar auxílio às nações e seus povos? Nunca, é a resposta.

O presidente Gianni Infantino, da FIFA, até que veio participar do velório dos jogadores e dirigentes da Chapecoense que morreram no desastre de avião. Mas nem Infantino nem a FIFA deram amparo às famílias dos mortos. Infantino nem se comoveu. Se chorou, ninguém viu. E a FIFA só existe porque existe o futebol.

E futebol só é jogado com os jogadores, que são os únicos atores que sustentam a FIFA. Ou não são, seu Infantino? E quando atores e suas famílias sofrem, não é dever do(s) dono(s) do espetáculos acudi-las?

Ora veja só, festança de Janeiro a Janeiro de 2018 no Rio para tirar a cidade da crise, para proteger o povo da violência urbana, para causar "uma virada na situação financeira e social do estado", como disse Moreira Franco, já condenado pela Justiça quando foi governador do Rio e agora denunciado no Supremo Tribunal Federal pela prática de crimes comuns! ...

Imaginava-se tudo dessa gente, menos tanta ganância, tanta engabelação e oportunismo deles para tirar proveito da dor, do sofrimento, da tragédia, da calamidade pública que sofrem os cariocas. Que venham os R$200 milhões para equipar as polícias do Rio e para serem empregados em ações sociais. Que chamem Rudolph Giuliani, o prefeito (mayor) de Nova York que de Janeiro de 1994 a 31 de Dezembro de 2001, implantou sua política de "tolerância zero", e acabou com a criminalidade que infestava a cidade e fez de Nova York a mais segura das cidades norte-americanas, sem festanças, sem eventos internacionais...sem esses "truques malandros" desses "geniais" brasileiros que se reuniram nesta domingo no Rio para anunciar o que o povo não quer. Que chamem Giuliani. Ele está "vivinho da silva". Está inteiraço. Do alto dos seus 73 de idade e acumulando tanta experiência, o famoso prefeito não se furtaria vir ao Rio, ficar sabendo de tudo e traçar um plano, este sim, merecidamente chamado "Rio de Janeiro a Janeiro", para que o povo possa viver em paz. 

Jorge Béja

Advogado no Rio de Janeiro e especialista em Responsabilidade Civil, Pública e Privada (UFRJ e Universidade de Paris, Sorbonne). Membro Efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB)

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