O mundo já acabou. Olhem à sua volta. Vejam os sinais
24/09/2017 às 13:40 Ler na área do assinanteMuita gente amanheceu perplexa com a falta de profissionalismo do planeta Nibiru, que ia fazer uma apresentação de impacto ontem e não deu as caras - nem mandou o Maroon 5 no lugar.
Pessoas, vocês não assistiram "O sexto sentido", aquele suspense kardecista em que o Bruce Willis morreu e não sabe?
Aquilo não era um filme - era um tutorial.
O Bruce Willis foi escolhido pro papel porque ele é duro de matar - mas a verdade é que dureza mesmo é cair na real depois de morto.
Sim, o mundo já acabou.
Já estamos do lado de lá.
Só que, como morreu todo mundo, não tem aquele garotinho para fazer o coaching do desapego.
Olhem à sua volta. Vejam os sinais.
É normal o presidente dos Estados Unidos chamar o ditador da Coreia do Norte de “gordinho maluco” e o gordinho maluco xingar de volta com uma palavra em Inglês (“dotard”) que nem o Trump, que fala Inglês desde criancinha, nunca tinha ouvido falar?
É normal uma mãe se descabelar porque a filha de dois anos é hétero, e a cura hétero ainda não foi regulamentada?
Faz sentido o Jornal Nacional ser estrelado pelo Bonner, a Renata, o Randolfe e o Molon - e a Maju fazer só uma ponta?
O Joesley ser casado com a Ticiane Villas-Boas e ter fetiche de “pegar umas véia”?
O Lula ainda estar solto?
Começar a venda de panetone em setembro?
Soaram as trombetas, mas não ouvimos por causa dos tiroteios na Rocinha e do meu vizinho de cima arrastando móvel e falando alto à uma e meia da madrugada.
Aí você vai dizer que isso já estava assim antes do Nibiru.
Claro que estava.
O Nibiru foi uma repescagem.
O mundo não acabou ontem. Acabou em 2012, lembra?
Estamos no limbo desde então, vagando feito bruciuíles mal desencarnados, ainda querendo salvar o planeta, perder peso, desnegativar no Serasa, afastar o Gilmar Mendes.
Mesmo 2012, que aproveitou o márquetchim da profecia maia, já tinha sido uma espécie de segunda chamada para o verdadeiro fim do mundo, que aconteceu em 2000.
Ou vai dizer que não lembra do bug do milênio?
Pois foi lá que tudo acabou - o colapso planetário porque os computadores entendiam que o 00 da data zerava o odômetro de volta ao Big Bang.
Tudo que veio depois (zika, Dilma, 7 x 1, apropriação cultural, Bolsonaro, Pabllo Vittar, cerveja artesanal, Glória Pires comentando o Oscar) já não era coisa deste mundo.
Os furacões José e Maria acabam de arrasar o Caribe. Espera só o Jesus chegar, pra vocês verem o que é bom pra tosse.
Eduardo Affonso
É arquiteto no Rio de Janeiro.