A TV Gazeta de Alagoas, afiliada da Rede Globo há quase meio século, optou por manter um estranho "silêncio" em sua programação na sexta-feira (25), sobre a prisão do ex-presidente Fernando Collor, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A decisão editorial contrastou com o tom adotado pela emissora carioca, que deu ampla cobertura ao caso em seus telejornais nacionais.

Enquanto o Bom Dia Alagoas abordava temas relevantes para o público local, como segurança veicular e economia, a Globo escalava repórteres de Brasília para repercutir o episódio envolvendo Collor. Curiosamente, embora a TV Gazeta tenha enviado um repórter à sede da Polícia Federal, seu material não foi aproveitado pela rede nacional — sinal de que as decisões da Globo, mais uma vez, parecem atender a critérios seletivos e políticos.

Na GloboNews, chamou atenção a entrada ao vivo da CBN Maceió, controlada por grupo ligado ao ministro dos Transportes, Renan Filho — filho do senador Renan Calheiros, adversário político de Collor. A escolha levanta dúvidas sobre a imparcialidade da cobertura e o alinhamento de interesses entre a emissora carioca e figuras influentes do atual governo.

A relação entre Globo e TV Gazeta já vinha estremecida. Em 2023, a Globo comunicou a decisão de não renovar o contrato de afiliação, alegando "escândalos" na gestão da afiliada. A justificativa veio no mesmo período em que diversas afiliadas da rede demonstraram insatisfação com a centralização de decisões e com a postura intervencionista da emissora-mãe.

A TV Gazeta, que desde 2019 passa por processo de recuperação judicial, contestou a quebra do vínculo na Justiça, alertando que a saída da Globo comprometeria acordos financeiros e empregos locais. O Tribunal de Justiça de Alagoas acolheu os argumentos da emissora regional, contrariando os interesses da empresa da família Marinho, que recorreu ao STJ.

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