
Milei e a redução da pobreza na Argentina: uma lição valiosa
21/04/2025 às 09:29 Ler na área do assinante
Dizem que coisas que têm tudo para dar errado acabam dando errado mesmo. O contrário não é tão verdadeiro, pois a exatidão matemática esbarra no caos da realidade. Uma fórmula certa pode ser infrutífera sem deixar de ter a validade ao seu lado, a aplicação depende de uma série infindável de variáveis.
Eis o caso de Javier Milei. A sua vitória eleitoral em 2023 representou o triunfo de tudo o que a Argentina desprezou desde Juan Manuel Perón – por isso mesmo os nossos hermanos mergulharam num mar de pobreza e crises institucionais, virando uma típica republiqueta. Uma plataforma de privatizações, redução da máquina pública e do Leviatã estatal, bem como a desburocratização de setores da economia: caminhos da prosperidade provadamente corretos pela história, mas sujeitos a recuos ou fiascos a depender do andar da carruagem política.
Porém, Milei teve coragem. A esquerda argentina chiou, fez algazarra e tentou sabotar a sua agenda de todas as formas, mas a marcha da insensatez foi em vão. Os resultados estão aparecendo agora: redução de 52% para 38% dos pobres argentinos, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), o IBGE argentino – sem um Pochmann por lá, graças a Deus. O número de indigentes teve uma redução de praticamente dez pontos percentuais.
O que fez o presidente Milei? Enxugou a máquina pública ao demitir pouco menos de 38 mil funcionários públicos, apresentou um pacote consistente de reformas liberais – aprovado em 2024 – e respeitou as leis de mercado que muitos terraplanistas econômicos ignoram solenemente. Privatizou estatais e eliminou regulamentações inúteis que impediam ou dificultavam o investimento estrangeiro, bem como a atividade empresarial. Em suma: ele cumpriu o que prometeu. Deu ao país um choque de gestão ao seguir a plataforma liberal tão necessária para o reerguimento de uma nação arruinada pelo peronismo.
Hayek ensinou que os burocratas não conseguem administrar centralmente um caos de intenções e objetivos diversos – esse caos é a economia. Quanto mais regulamentações, mais dificuldades ao setor produtivo empreender a sua atividade e menos empresas saem do papel. A consequência lógica é a diminuição dos empregos e dos salários, pois os negócios já existentes têm um excedente de mão de obra e não precisam oferecer condições atraentes aos empregados com tal quadro estabelecido. Isso explica como o capitalismo de compadrio é tão benquisto por políticos e grandes empresários, já que os primeiros concentram poder ao definir quem pode ou não atuar na iniciativa privada e os últimos aniquilam futuros concorrentes e gastos com funcionários e produção.
Tais fatos foram desprezados pelas nações do Terceiro Mundo. Não cabe maiores considerações a respeito, tampouco entrar em análises como a de Max Weber – falha e incompleta, por sinal. Mas é um dado real: os países economicamente frágeis experimentaram dois caminhos: o capitalismo de compadrio, que asfixia a livre iniciativa e recompensa uma elite corrupta, e do outro lado veio o socialismo nos moldes soviéticos, que gerou não apenas a miséria típica do Leviatã comunista, mas uma tirania totalitária assassina em larga escala. Como diria Roberto Campos, o capitalismo não fracassou na América Latina, apenas não deu o ar da graça.
A Argentina, de tanto insistir em fórmulas equivocadas e colher resultados desastrosos, parece ter aprendido a lição. Mesmo com a algazarra violenta nas ruas perpetradas pelos esquerdistas e toda a campanha difamatória na imprensa, o apoio ao presidente Milei continua firme e forte. Os sinais advindos da economia são ótimos. Entretanto, nossos hermanos não podem retroceder em momento algum. Sabemos pela nossa própria experiência que trilhar o caminho da responsabilidade fiscal é tarefa árdua, pois os populistas de esquerda vendem soluções fáceis para problemas difíceis, apelando para o assistencialismo como medida única no combate às desigualdades – e a história mostra como eles são bem-sucedidos em tal empreitada diabólica.
Comparem com o que estamos vendo no Brasil. Por mais que o nosso país faça um esforço descomunal para ser pobre, o Plano Real e as reformas feitas por governos com coragem necessária para empreendê-las nos salvaram da tragédia argentina. Porém, a volta da esquerda ao poder – estou falando apenas do Poder Executivo, ela nunca deixou de ditar os rumos políticos – trouxe de volta as práticas nefastas responsáveis por destruir a nossa economia na década passada. O próprio governo já admitiu o colapso das contas públicas em 2027. Ainda assim, nenhuma iniciativa no sentido de cortar gastos, reduzir despesas e facilitar a vida do setor produtivo é vista no horizonte.
O sucesso inegável de Javier Milei deve servir de exemplo para os políticos latinos. É a prova cabal de que se pode gerar prosperidade e combater a pobreza com mais capitalismo, não o contrário. A Argentina fez escolhas erradas durante décadas e colheu um mar de miseráveis e indigentes. Que os nossos irmãos do continente possam enxergar tal empreitada exitosa e aplicá-la em seus domínios locais. Quanto ao Brasil... Oremos.
Carlos Júnior
Jornalista