Transfobia e as diferenças musculares no esporte

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A presença de pessoas trans no esporte tem suscitado debates intensos nos últimos anos, especialmente quando se trata da participação de mulheres trans em competições femininas.

Esse debate, no entanto, não ocorre em um vácuo científico ou social: ele é alimentado tanto por evidências biológicas sobre a diferença de desempenho físico entre os sexos quanto por discursos que, muitas vezes, escorregam para a transfobia – a discriminação e o preconceito contra pessoas transgênero.

Compreender a complexidade desse cenário exige equilíbrio entre ciência, direitos humanos e a ética esportiva.

Historicamente, o esporte foi dividido entre categorias masculinas e femininas com base em diferenças biológicas.

Uma das principais justificativas para essa divisão está na capacidade muscular.

Homens cisgênero (isto é, aqueles que se identificam com o sexo atribuído ao nascimento) tendem a apresentar níveis mais elevados de testosterona, maior densidade óssea, maior massa muscular e, em geral, melhor desempenho em modalidades que exigem força e explosão.

Esses fatores fisiológicos contribuem para um desempenho médio superior em várias modalidades esportivas.

Entretanto, a identidade de gênero não é determinada apenas pela biologia. Pessoas trans, ao fazerem sua transição, podem passar por terapias hormonais que alteram suas características físicas.

Mulheres trans que utilizam bloqueadores de testosterona e hormônios femininos frequentemente perdem massa muscular, força e resistência, especialmente após um ou dois anos de tratamento.

A questão que se impõe, então, é: essas alterações hormonais são suficientes para tornar a competição entre mulheres cis e mulheres trans justa?

Estudos recentes têm mostrado que nem sempre essa vantagem é completamente eliminada.

Algumas pesquisas apontam que mulheres trans mantêm certa resistência ou explosão muscular mesmo após 12 meses de supressão hormonal.

Outros estudos, no entanto, indicam que a vantagem residual pode ser irrelevante em algumas modalidades, especialmente as que envolvem mais técnica e estratégia do que força bruta.

Organizações como o Comitê Olímpico Internacional (COI) têm buscado um equilíbrio delicado nesse sentido. Em verdade é mais pressão que busca.

A política atual recomenda que mulheres trans mantenham níveis de testosterona abaixo de 5 nmol/L por pelo menos 12 meses antes da competição. Essa diretriz tenta nivelar o campo de jogo sem excluir essas atletas.

Ainda assim, essa política vem sendo revisada constantemente, dado o avanço das pesquisas e as críticas de ambos os lados: os que acham a regra excessivamente permissiva e os que a consideram discriminatória.

Uma alternativa em discussão é a criação de categorias abertas ou mistas em algumas competições, permitindo que qualquer pessoa, independentemente do gênero, possa competir. Isso, porém, ainda levanta diversas questões logísticas e éticas, além de encontrar resistência tanto no meio esportivo quanto entre atletas.

O esporte, em sua essência, deve ser um espaço de superação, respeito e diversidade.

Na realidade seria mesmo fundamental que houvesse participação de apenas sexos naturais nesse sentido.

Não importa as análises e acompanhamentos, a realidade deveria ser determinada pelo DNA de cada individuo.

Não se pode precisar, nem tecnicamente nem em estudos científicos, como o corpo de cada pessoa reage quando exigido.

Pode não demonstrar nenhum tipo de incompatibilidade em determinados momentos, mas a resposta cérebro/corpo em momentos especiais indiscutivelmente ainda é imprecisa.

Assim, conclui-se que nenhum tipo de descaracterização deve ser feita pelos desejos individuais, mas esses desejos devem ser próprios e não necessariamente serem expandidos por ideologias ou posicionamentos para outras pessoas ou mesmo terem vantagens diferenciadas.

São tantas as características “diferentes” entre homens e mulheres que é impossível até mesmo enquadrar as diferenças dentro do LGBTQRSTUVX.........

Cada pessoa deve assumir sua própria postura, porém sem querer impor essa postura a outras pessoas.

Cotas, paradas, diversificação ou ideologias devem dar lugar ao respeito entre as pessoas.

Isso sim fundamental. 

Foto de Jayme Rizolli

Jayme Rizolli

Jornalista.