Moraes usa sessão para fazer 'propaganda' do STF, desqualifica “Velhinhas com bíblia na mão”, mas esquece de citar Clezão
26/03/2025 às 06:05 Ler na área do assinanteO julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete denunciados pelo MPF na 1ª Turma do STF, pelo arranjado golpe que nunca existiu, virou palanque de propaganda do ministro Alexandre de Moraes.
Aproveitando-se da grande repercussão e gigante audiência que o julgamento carrega, o ministro usou do seu tempo para falar sobre a atuação do STF no caso do dia 8 de janeiro de 2023.
Além de tentar desqualificar a expressão que ficou conhecida mundialmente - "velhinhas com bíblia na mão", caso da Irmã Ilda de 82 anos que virou símbolo da injustiça que impera no país, Moraes também fez um balanço do julgamento que está escandalizando o mundo jurídico.
Entremeado ao balanço que fez, mencionou alguns números como se eles refletissem e justificassem alguma “amenidade” para o caos que tomou conta da nossa justiça. Segundo Moraes, “O IMPORTANTE aqui é que, das 497 condenações, SÓ 43 têm mais de 60 anos. E, na verdade, se nós pegarmos mais de 70 anos, que foram imagens utilizadas, são sete condenações”
Isso sem contar os 632 réus que se viram obrigados a assinar polêmicos (para dizer o mínimo) acordos de não persecução penal, sem desprezar, e acrescentar no balanço do ministro, que das inexplicáveis condenações superiores àquelas aplicadas a pedófilos, estupradores e traficantes de drogas, por exemplo, temos 29 idosos condenados a penas superiores a 11 anos de prisão entre os 248 condenados.
Como se vê, tudo pode ser visto conforme as conveniências e pontos de vista, neste caso, do executante, protagonista-mor do cenário autoritário que se avizinha cada vez mais.
Mas o ministro ignorou, e sabemos sim por que cargas d’água, o dia 20 de novembro de 2023, quando morreu sob tutela do estado, o senhor Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, com apenas 45 anos de idade.
Se a propaganda feita e o balanço são desprezíveis por si só, sr ministro, os brasileiros nunca se esquecerão da morte do Clezão!
Alexandre Siqueira
Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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