Débora Rodrigues, 38 anos, cabeleireira, cristã, mãe de Caio e Rafael — de 10 e 7 anos — está presa há 2 anos por ter escrito “Perdeu, mané” com gloss labial na estátua da Justiça, em frente ao STF, no dia 8 de janeiro de 2023.

Não houve invasão. Não houve vandalismo. A “pichação” saiu com água e sabão. Mesmo assim, nesta sexta-feira, 21 de março, o ministro Alexandre de Moraes votou por uma condenação de 14 anos de prisão. E sabemos: a maioria dos ministros deve seguir o seu voto, condenando definitivamente essa mãe.

Débora foi presa em março de 2023, algemada na frente dos filhos pequenos. Passou quatro meses na cadeia sem sequer ter sido denunciada pelo Ministério Público, o que fere qualquer noção de justiça. Desde então, todos os pedidos de prisão domiciliar — previstos em lei para mães de filhos menores — foram negados.

Essa pena não parece política. Ela é política! E cruel. É uma demonstração de força do Estado contra uma mulher simples, sem antecedentes, que jamais representou risco à sociedade.

Enquanto corruptos milionários, estupradores e criminosos violentos seguem soltos ou cumprem penas leves sob o olhar complacente do mesmo tribunal, Débora é lançada ao inferno de uma cela, condenada a mais de uma década longe dos filhos por um gesto simbólico que não causou dano a ninguém. Uma pena absurda, desumana e escancaradamente política. E tudo isso enquanto o autor da frase — “Perdeu, mané” — o ministro Barroso, desfila pelo país fingindo defender a democracia.

A estátua foi lavada, mas a “Justiça”, essa sim, segue manchada. 14 anos por um gloss é tortura. É vingança. É política — e das mais sujas.

Karina Michelin. Jornalista.

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