
Jornalista resgata o lado humano que a Inteligência Artificial não supera. Nunca!
23/02/2025 às 13:06 Ler na área do assinante
O artigo do jornalista e advogado Claudio Motta traz um alerta mais do que importante; não podemos sucumbir à relevância, isso é inegável, da tecnologia do mundo moderno!
Da sabedoria popular - Sabendo usar, não vai faltar!
O jornalista, embora sob o foco das relações internacionais, que aqui atrevo-me a estender a toda e qualquer área das relações humanas, é como se o artigo fosse um freio ABS para nosso cotidiano. Não podemos normalizar as relações tecnológicas em detrimento das relações humanas, como bem é demonstrado no contexto lúcido do artigo. Conviver com ambas é aceitável, sim, mas temos que manter nossa sensibilidade existencial.
É comum, hoje em dia, e acredito que todos que estão lendo este minifúndio, já passaram pela experiência de conversar com um ser dublê de gente e robô que fica do outro lado da linha telefônica. A interação fica fria, irritadiça e, muitas vezes, insolúvel. Soa como uma falência dos sentidos e do nexo.
Um outro evento atual também traz luz a essas percepções às banalidades do uso desregrado da ciência “inteligente”. O uso da IA vem sendo tratada de forma politizada, à medida que políticos do parlamento brasileiro e do poder judiciário (não se acanhe em admitir essa verdade), idem na esfera da imprensa. Isso fica claro a partir do momento que querem criminalizar a IA, seletivamente, diga-se de passagem. É uma afronta à nossa inteligência, uma atrofia mental, pois neste bojo político, a hipocrisia é mato. Todos usam e abusam da IA atualmente, sem dó, nem piedade.
Veja o caso das relações institucionais que o STF vem impondo à classe jurídica. Não vem sendo permitida a presença física dos advogados para atuar em causas judiciais. O STF, obriga que os advogados promovam debates via vídeo/áudio. Nesta semana, num ímpeto reativo (quase inesperado), o presidente da OAB Nacional, Beto Simonetti, indignado, criticou os julgamentos virtuais, que só permitem sustentações orais gravadas.
Simonetti destacou que “a sustentação oral é um direito fundamental da advocacia e um pilar do devido processo legal, acrescentando que a classe não aceitará ser reduzida a mero espectador do próprio julgamento”.
Ora, se o STF entende que o uso da IA pode e deve ser criminalizada pontualmente, o que não garante equilíbrio para definir a criminalidade em si (pois os argumentos estão sob a égide da política), só para começo de conversa, como pode se garantir que um vídeo não pode ser manipulado por uma IA? Você, leitor, põe a mão no fogo?
Leia na matéria do Jornal da Cidade, e entenda a indignação do presidente Simonetti - https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/67564/presidente-da-oab-surpreende-e-eleva-o-tom-contra-o-stf
Em síntese, é mais do que razoável o apelo do representante maior da classe, pois, na prática, nada vai substituir a sensibilidade do olhar e da voz, e principalmente, da audição entre os protagonistas de um debate entre os envolvidos, quais sejam, o defensor, o promotor e o juiz. A justiça, entendo eu também, fica comprometida. Não haverá calor humano numa audiência, isso é certo!
Bem, há muito para abordar sobre o tema, mas vamos ao texto do Claudio Valença Motta - Presidente do Conselho Empresarial de Relações Internacionais da ACMinas, que suscitou essa inspiração pessoal, aturdida e acossada pelo atual momento político brasileiro.
“A inteligência artificial pode simular conversas, mas não pode substituir a energia de um aperto de mão
O mundo dos negócios atravessa uma revolução sem precedentes. As fronteiras do comércio exterior se dissolvem diante da digitalização, das conexões instantâneas e da inteligência artificial, que atingem níveis extraordinários de sofisticação. A automação simplifica processos, a análise de dados amplia horizontes e a tecnologia oferece soluções inimagináveis há pouco tempo. No entanto, em meio a essa revolução, há algo que jamais será substituído: o valor genuíno das relações humanas.
Por mais que a inteligência artificial transforme mercados e otimize decisões, a confiança ainda nasce do olho no olho. A credibilidade se constrói com a presença marcante. O verdadeiro entendimento vem do ouvido atento, que escuta mais do que palavras, capta intenções e emoções. O comércio exterior não é apenas um jogo de números, logística e contratos. Ele é feito de relações, de diálogos que vão além da formalidade, de gestos que aproximam e geram oportunidades.
A história nos mostra que os maiores negócios não nasceram apenas da tecnologia ou dos cálculos estratégicos, mas da sensibilidade humana. Dos visionários que enxergaram além do óbvio, dos empreendedores que souberam emocionar e cativar, das lideranças que compreenderam que ética e transparência são os pilares do progresso sustentável.
Em um mundo que avança na velocidade dos algoritmos, precisamos lembrar que a inovação não está apenas nas máquinas, mas na capacidade de criar conexões transformadoras. A inteligência artificial pode simular conversas, mas não pode substituir a energia de um aperto de mão. Pode gerar insights, mas não pode substituir a intuição de um líder experiente. Pode responder perguntas, mas não pode sentir a essência do encontro humano.
O futuro do comércio exterior e das relações internacionais pertence aos que unem tecnologia e humanidade, estratégia e emoção, precisão e criatividade. A inovação não está apenas na automação, mas no pensamento transformador, na capacidade de olhar para o mercado e enxergar pessoas, histórias, possibilidades.
No fim, voltamos sempre ao começo. À essência das relações. Ao que realmente move o mundo: a conexão autêntica entre pessoas que confiam, sonham e constroem juntas.”
Claudio Motta
(Originalmente publicado no jornal Diário do Comércio)
Alexandre Siqueira
Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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