O ataque frontal do tráfico ao sistema de segurança do país
17/02/2025 às 08:12 Ler na área do assinante
O Brasil testemunhou mais um episódio digno de um país dominado pelo crime. Na noite deste sábado, 15 de fevereiro, um grupo de traficantes fortemente armados atacou a 60ª Delegacia de Polícia (DP) em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, numa tentativa ousada de resgatar Rodolfo Manhães Viana, conhecido como “Rato”, um dos chefões do tráfico na comunidade Vai Quem Quer. A ação foi um verdadeiro ataque frontal ao sistema de segurança pública, evidenciando o avanço do narcoestado no país.
Viana não é um criminoso qualquer. Ele é apontado como o líder absoluto do tráfico na região, um nome que impõe medo tanto entre os rivais quanto entre os moradores da comunidade. Sua prisão, ocorrida poucas horas antes do ataque, foi um golpe contra a hierarquia do tráfico, o que explica a reação violenta de seus aliados. Ao lado dele, foi capturado seu segurança pessoal, Wesley de Souza Espírito Santo, outro nome de peso dentro da estrutura criminosa local.
O que se seguiu foi uma demonstração brutal de poder do crime organizado. Cerca de dez homens armados cercaram a delegacia e abriram fogo contra a fachada, numa tentativa desesperada de libertar Viana antes que ele fosse transferido. O tiroteio foi intenso, deixando a estrutura do prédio danificada e ferindo dois policiais, que, mesmo atingidos, resistiram e impediram a invasão.
Viana já havia sido transferido, antes dos ataques.
O contra-ataque veio com uma megaoperação nas favelas da região, mas a realidade é inegável: o crime age como um governo paralelo. O poder do tráfico não se esconde mais – ele ataca de frente.
O Estado omisso e até mesmo cúmplice em algumas ocasiões, tenta recuperar o controle de uma guerra urbana que já ultrapassou o limite da contenção.
Karina Michelin. Jornalista.
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