Uma nova realidade à vista ou confrontos intergalácticos? Um dos lados, quem usa toga, e do outro, quem dá ré em foguete

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A velocidade das mudanças que vêm acontecendo, não só no Brasil, mas em todo o mundo, desde a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, está beirando à velocidade da luz. Todos aguardavam mudanças significativas, tanto no aspecto político interno dos Estados Unidos, como no externo, influenciando vários países. Além disso, tais mudanças também estão mexendo no xadrez geopolítico e diminuíram significativamente as ações da extrema esquerda, bem como do progressismo. No Brasil, é notório isso.

Dois aspectos estão mexendo com os nervos do governo e daqueles que flutuam na esfera da atual gestão, e, especialmente, sobre o pilar do autoritarismo em curso no país, que rodeia a república e a democracia; o poder judiciário. 

A primeira situação diz respeito ao descortinar das ações da USAID, inclusive, aqui no Brasil. Nomes de peso da política nacional começam a sentir uma corda no pescoço. Vejam, por exemplo, o caso do 8 de janeiro. Não bastando todos os cenários que colocam dúvidas sobre a versão real do que aconteceu naquele dia, é só lembrarmos da participação do então ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), General Gonçalves Dias, na “cena do crime”. Podemos, hoje, começar a entender por que o jornalista Adriano Machado, fotógrafo da Agência Reuters, estava bem no olho do furacão, dentro das dependências do Palácio do Planalto. Se antes, pairavam suspeitas sobre a presença dele ali, e as ligações do fotógrafo, e da Reuters, no caso, hoje temos mais alguns indícios. A suspeita vem tomando corpo a partir da divulgação do patrocínio que a USAID promovia junto a vários setores de governos, incluindo a imprensa. Isso sem contar com a questão das eleições de 2022…

Bom, neste momento, nem é bom tirar conclusões sob risco de precipitações e ilações.

Mas, no segundo aspecto, a censura e a manipulação de massa parecem ser mais palpáveis para análise e observação. As tratativas do governo brasileiro, de seus membros e os que rodeiam o poder executivo, que vem trabalhando há anos para romper com a Liberdade de Expressão no Brasil, atingindo frontalmente o jornalismo, caíram numa areia movediça. E quanto mais mexem, mais podem se afundar. O poder judiciário, com sua postura totalmente anômala, é acusado francamente de cometer atos inconstitucionais, irresponsáveis e injustos.

No novo governo americano, muitas medidas para proteger a liberdade estão em pleno curso. Uma destas medidas começa a descortinar e descobrir perigosas ligações do executivo e do judiciário com uma orquestração para aplicar demandas ideológicas. Elon Musk, comanda o Departamento de Eficiência Governamental, e Marco Rubio, Secretário de Estado dos EUA, são dois dos protagonistas que vem abrindo as caixas pretas do governo anterior (Biden), e suas ligações com governos estrangeiros.

A OEA, até então, lenta para responder a várias denúncias sobre os acontecimentos no Brasil, que chegaram ao conhecimento da instituição, agora parece ter pego uma carona em um dos foguetes de Elon Musk. Neste domingo, chegou ao Brasil uma comitiva da OEA, com o relator Pedro Vaca Villarreal da Comissão Interamericana dos Direitos Humanos à frente dos trabalhos para investigar a Liberdade de Expressão no Brasil, ou melhor, a falta dela.

“Coincidentemente, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, considerado o maior algoz da liberdade de expressão no Brasil, passou a desbloquear canais e perfis de redes sociais de jornalistas e influenciadores, de novo, todos da oposição ao governo (direita conservadora).

Um detalhe não pode deixar de ser comentado. Parece que o jogo político tem suas manhas e estratégias. A rede social americana Rumble, que deixou o Brasil em dezembro de 2023 por não concordar com as decisões nada democráticas do STF, acaba de anunciar seu retorno (neste sábado, 8). Usuários da plataforma (e também de outras redes sociais), punidos pelo STF, estão entre os desbloqueados. Um dos casos mais escabrosos e que chamaram muita a atenção, é o do comunicador conhecido como Monark. Como vários outros jornalistas e influenciadores, Monark também se viu obrigado ao autoexílio, justamente nos Estados Unidos.

Mas olhem só… 

A conjunção de dois fatores pode estar deixando ministros do STF de cabelo em pé, ainda que um deles nem tenha cabelo (só para manter o bom humor). O jornalista Allan dos Santos, provavelmente o primeiro a sofrer restrições com as consideradas perseguições políticas no Brasil, tem o seu canal, Terça Livre, suspenso há mais de três anos, e adivinhem… ele está no Rumble. O Moraes pode até mandar a Anatel desligar as operações do Rumble, mas vai ter pela frente um problemão para decidir.

A rede social Truth Social opera sua plataforma no mesmo ecossistema tecnológico do Rumble, e se suspender as operações do Rumble, automaticamente, suspende também o Truth Social. E quem é o dono da Truth Social? Simplesmente o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.

Todo este cenário - desbloqueio de vários perfis em redes sociais, o retorno do Rumble e do Terça Livre, e do Truth Social, pode ser uma nova realidade para os brasileiros ou haverá confrontos por aqui?

E que tomem cuidado, porque tem gente que dá ré em foguete em um dos lados. 

Mais cedo, publiquei:

Foto de Alexandre Siqueira

Alexandre Siqueira

Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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