A guerra é entre baixo clero x opinião publicada
20/07/2015 às 10:34 Ler na área do assinanteNa Câmara dos Deputados o jogo será inteiramente político, conduzido pelo seu presidente Eduardo Cunha. Pressionado pela opinião publicada, vai atacar a Presidência da República, criando CPIs para investigar eventuais irregularidades no BNDES e dando início a propostas de impeachment da Presidente. Seria uma retaliação pessoal a ações que ele acha (ou sabe) que foram conduzidas pelo Planalto para expô-lo publicamente.
Para ter sucesso na sua empreitada, precisa obter o apoio do seu eleitorado que é o baixo clero. Ao contrário de Dilma, que agora se descobriu que ela é uma chefona, Eduardo Cunha é líder. Como é Lula. Ele sabe representar os interesses dos seus liderados e atuar a favor deles.
A estratégia de Cunha é transformar a disputa num Fla-Flu. Ele diz à sua torcida que tudo o que é colocado contra ele é da torcida adversária. Não adianta querer convencer a torcida do Flamengo que ele é um bom jogador, sendo do Fluminense, ou vice-versa. Ou em São Paulo, querer convencer a torcida do Corinthians que o seu goleiro é pior do que o do Palmeiras.
A torcida adversária de Cunha domina a opinião publicada, mas ele sabe que a força dentro do congresso está junto à opinião não publicada. Está no eleitorado silencioso que elege 500 deputados. Só uma pequena parte é eleita pela opinião publicada.
O seu problema é evitar que a opinião não publicada seja contaminada pela intensa campanha da opinião publicada.
Para entender bem a crise, enquanto uma "guerra" é preciso entender onde está a "força" e o que a sustenta.
O baixo clero era sempre governista, porque precisa se alimentar de recursos públicos que são dominados e gerenciados pelo Executivo. A reação do Legislativo é o orçamento impositivo, que garante a todos os congressistas, incluindo os do baixo clero, a execução das emendas parlamentares.
O baixo clero se contenta com o suficiente para se reeleger.
É ai que está a força real.
E a guerra real não é entre partidos ou pessoas. É entre o baixo clero da Câmara dos Deputados, liderada por Eduardo Cunha e o Governo que está fraco diante da sociedade e tem minoria dentro do Congresso.
Por outro lado, o processo contra ele seguirá trâmites judiciais. O Procurador Geral, Janot pedirá ao STF autorização para investigar a denúncia de Julio Camargo. A tendência do STF é de um julgamento técnico, requerendo provas ou indícios relevantes de que Eduardo Cunha recebeu um dinheiro, não contabilizado, de Julio Camargo ou de seus associados. Já houve manifestações dos juizes de que afirmações em delações premiadas, por si só, não justificam um processo investigatório.
Jorge Hori
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Jorge Hori
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