A crise fiscal, as investigações e a ridícula admissão de Lula sobre a fome no Brasil

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O governo Lula enfrenta um cenário de crescente escrutínio devido à má gestão de recursos públicos, afetando principalmente os mais pobres e gerando prejuízos significativos em estatais e fundos de previdência. Além dos desafios administrativos, o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) investigam possíveis desvios e irregularidades na administração pública, enquanto uma crise de confiança no IBGE levanta questionamentos sobre a credibilidade dos dados econômicos e sociais divulgados pelo instituto.

A gravidade da crise econômica ficou evidente quando o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu a dificuldade enfrentada pela população, afirmando que “tem gente que não consegue comprar comida”. A declaração, que gerou grande repercussão, sintetiza o impacto da inflação e da perda do poder de compra dos brasileiros, agravando as críticas à condução da política econômica do governo. O aumento da pobreza e da insegurança alimentar tem sido apontado como consequência direta das falhas na gestão fiscal e da incapacidade do governo de adotar medidas eficazes para conter a crise.

O TCU tem desempenhado um papel fundamental na fiscalização das contas públicas e, recentemente, colocou sob investigação dois casos de grande repercussão: o programa educacional Pé-de-Meia e a PREVI, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil.

No início de 2025, o TCU determinou o bloqueio de R$ 6 bilhões destinados ao Pé-de-Meia, um programa do governo Lula criado para combater a evasão escolar no ensino médio. A decisão foi motivada por graves irregularidades fiscais, já que o financiamento da iniciativa estava sendo feito com recursos de fundos privados, como o Fundo Garantidor de Operações (FGO) e o Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (Fgeduc), sem a devida previsão no Orçamento Geral da União (OGU).

Essa prática foi considerada uma violação ao princípio da universalidade orçamentária, levantando questionamentos sobre a transparência e legalidade da gestão dos recursos. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu da decisão, alegando que o bloqueio poderia prejudicar a continuidade do programa social, mas o TCU manteve a medida cautelar, exigindo a inclusão dos recursos no orçamento oficial.

Em outra decisão de grande impacto, o TCU aprovou a abertura de uma auditoria urgente sobre a gestão da PREVI, o maior fundo de previdência complementar do Brasil, voltado para os funcionários do Banco do Brasil. O ministro Walton Alencar Rodrigues destacou um prejuízo estimado em R$ 14 bilhões no Plano 1 da PREVI, registrado entre janeiro e novembro de 2024.

A auditoria foi solicitada devido a suspeitas de má gestão e riscos à saúde financeira do Banco do Brasil, caso os déficits se agravem. Tanto a PREVI quanto o Banco do Brasil negaram as alegações, argumentando que os números apresentados pelo TCU poderiam estar sendo mal interpretados, especialmente no que diz respeito à distinção entre déficit conjuntural e estrutural.

Além das investigações sobre irregularidades fiscais e previdenciárias, o governo enfrenta uma crise de credibilidade no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável por coletar e divulgar dados essenciais para a formulação de políticas públicas e decisões econômicas.

A crise começou com questionamentos sobre a metodologia utilizada pelo IBGE em levantamentos recentes, especialmente nos dados de desemprego, inflação e crescimento do PIB. Economistas e analistas apontaram discrepâncias que podem estar distorcendo a real situação econômica do país, alimentando desconfiança no mercado e entre agentes públicos.

A demissão de técnicos experientes, associada à nomeação de quadros ligados ao governo, levantou suspeitas de interferência política nas estatísticas oficiais. Parlamentares da oposição e setores do empresariado passaram a cobrar mais transparência e independência do instituto, alegando que a manipulação de dados poderia afetar investimentos e decisões econômicas estratégicas.

O IBGE, por sua vez, negou qualquer tipo de manipulação e alegou que todas as pesquisas seguem padrões internacionais. No entanto, a controvérsia já gerou pressão sobre a presidência do órgão e debates sobre a necessidade de uma auditoria externa para garantir a confiabilidade das estatísticas.

Essas investigações do TCU, a auditoria na PREVI e a crise de confiança no IBGE refletem uma crescente preocupação com a transparência e correção na administração de recursos públicos e na divulgação de dados econômicos. As decisões trouxeram à tona debates sobre a eficiência, legalidade e sustentabilidade dos projetos financiados pelo governo e sobre a credibilidade das estatísticas oficiais.

O TCU segue como um dos principais órgãos de controle das contas públicas, garantindo que os recursos sejam aplicados de maneira correta e transparente.

Foto de Carlos Arouck

Carlos Arouck

Policial federal. É formado em Direito e Administração de Empresas.

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