Davi Alcolumbre: um nome tão ruim que Rodrigo Pacheco deixará saudade

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Tudo tem limite nessa vida. É verdade que a Direita não tem um candidato à presidência do Senado com possibilidade de vitória, mas daí a apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre tem uma distância muito grande.

Realmente, ao se aliar a candidatos derrotados, a Direita ficará esvaziada nas comissões – não será representada – não será ouvida, enfim, não terá voz. Apoiando o candidato vitorioso poderá receber, quiçá, até mesmo uma vice-presidência nas comissões mais importantes.

É uma forma de se fazer política? Sim. Aliás, essa é a dinâmica da política brasileira – o Centrão que o diga.

Mas não é justamente isso que a Direita quer mudar na política? Não é exatamente esse tipo de negociata que a Direita identifica como danosa à nação?

Em nome de um pragmatismo barato se coloca tudo a perder. Essa é uma manobra tão arriscada que coloca em risco a própria unidade da Direita. O movimento conservador que acaba de nascer no Brasil pode se dissipar – simplesmente acabar, porque perderá a sua identidade – a sua essência.

Uma direita fruto de ideais moralistas e éticos irá se perder em sua própria atitude rasteira, ao aderir às negociatas que sempre combateu, pois aquilo que é conveniente e oportuno para alguns atores políticos, pode ser prejudicial para o país inteiro.

Especialistas em Segurança Pública trabalham com uma máxima que se encaixa perfeitamente no caso em comento: não se negocia com bandido.

Davi Alcolumbre é a personificação do mal – é a figura do demônio em pessoa - e o brasileiro tem memória curta. Se esse indivíduo for eleito, o povo sentirá saudade dos tempos de Rodrigo Pacheco.

Há anos que a nação suplica pelo impeachment de Alexandre de Moraes. Davi Alcolumbre já deixou claro que nunca pautará pedido dessa natureza contra nenhum ministro do STF. Além disso, o senador é amigo íntimo do careca, o que dá uma blindagem extra ao ministro-ditador.

Apoiar as pretensões desse senador é um contrassenso -  é o mesmo que fazer um pacto com o diabo, pois ele vota favorável a todas as pautas do PT, defendeu o projeto de lei da censura e é favorável à regulação das redes sociais.

Causa estranheza essa manobra ardil da direita. Dá a impressão que há interesses maiores e obscuros que movem as peças desse tabuleiro. Há de sermos coerentes com o que representa a Direita nesse Brasil: a última esperança de um pai de família enxergar um mínimo de futuro promissor para a sua prole. Fomos traídos pelos generais e pelas instituições que deveriam proteger a democracia. A única resistência é a Direita e sua militância.

Apoiando o senador Rogério Marinho, o Marcos Pontes ou qualquer outro nome da Direita, ainda que percam, nos manteremos coesos e fortes. O céu está clareando com o novo cenário internacional – o pior nós já passamos. Endossar o nome do filho do demo para a presidência do Senado é pendurar as chuteiras e desistir do jogo.

Bolsonaro é um herói nacional. Se hoje existe uma Direita no país é a ele que devemos. Se ainda não viramos um narco-estado de vez e se a essa altura não nos tornamos uma nação absolutamente comunista e ditatorial, também devemos ao nosso mártir. Porém, isso não implica dizer que o nosso Ex-Presidente seja infalível.

Desde a época de Gustavo Bebianno, nosso líder sempre demonstrou uma certa falibilidade no que diz respeito às suas escolhas em matéria de assessoria – sobretudo assessoria jurídica. Visão curta e manipulável.

Taí a contratação de seu novo advogado – Celso Vilardi, para não nos deixar mentir. Sob o pretexto de que o causídico tem bom trânsito nos corredores e gabinetes do STF, foi contratado para patrocinar sua defesa.

Ocorre que Vilardi já concedeu inúmeras entrevistas para a imprensa sustentando que houve tentativa de golpe e que o seu cliente está intimamente implicado nessas manobras golpistas. Não há certa incoerência nessa escolha? Que assessoria é essa do nosso Ex-Presidente que o induz a essa contratação?

A impressão que passa é de que o Bolsonaro está iludido. Seu novo advogado pode ter trânsito no Supremo, mas não terá isenção suficiente para argumentar em nome de seu cliente – sua defesa está prejudicada.

São fatos como esse que acendem a desconfiança de que a escolha para a Presidência do Senado está equivocada.

Por um país sem negociatas.

Foto de Carlos Fernando Maggiolo

Carlos Fernando Maggiolo

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ. 

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