
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Se eu fosse bandido ou traficante - daqueles mais espertos - meu sonho dourado seria o de descer da favela, comprar terno bacana e virar 'dotô'.
Mais especificamente, um 'dotô' da política.
Porque, pensando bem - e nem precisa - existe uma forma muito mais inteligente e lucrativa de ganhar grana no mole do que sair por aí de chinelo de dedo e bermuda, armado, tomando celular velho de cidadão, por exemplo.
Comercializar droga tem lá suas 'vantagens', mas mesmo assim você corre o risco de tomar tiro de polícia ou de concorrente.
Muito mais simples e eficaz, portanto, virar 'dotô' na política, fazer discurso em palanque, e armado com caneta assaltar os cidadãos com impostos extorsivos sobre o celular, roubando 100% dos usuários, ao invés de roubar só uns milhares.
Fica todo mundo feliz, e você ainda pode, com parceria bacana, ganhar comissão na venda baratinho de celular 'usado' pra cidadão assaltado por colega mais burro.
No caso das drogas, tudo igual: o importante é a parceria; você tá sempre limpinho enquanto os brothers fazem o trabalho sujo.
E tem a impunidade... ah, a santa impunidade, maravilhosa, que garante que você não seja enfiado num camburão no meio de uma madruga qualquer.
Nome bacana: 'imunidade parlamentar', não é mesmo?
Talvez, por essas e outras, a bandidagem mais ligeira hoje esteja investindo em imóveis localizados em bairros de luxo e levando seus filhos para as melhores escolas, pra virar 'dotô'.
Eu poderia, é claro, estar me referindo ao PCC, ou ao CV, com certa ingenuidade, reconheço.
Mas estou me referindo a quem já pensa assim desde o dia de sua fundação enquanto 'partido', no dia 10 de fevereiro de 1980: o Partido dos Trabalhadores.
Ali, se peneirar, não sobra quase nada, tem de tudo: pedófilos, processados por desvios e improbidade, por corrupção passiva e ativa, por formação de quadrilha, assaltos à mão armada em outros tempos, pedaladas de todo o tipo, e até acusados de assassinato.
Toneladas de grana ilegal em caixas do geddel ou na cueca do zé guimarães não faltam pra corroborar os fatos, além, claro, de imóveis que não são de ninguém, como sítio em Atibaia com pedalinho personalizado e tudo.
A ideia é bem simples: só ir trocando os nomes, com a ajuda de uma boa assessoria de imprensa - e da própria imprensa comprada devidamente - que vai garantir que o nome 'quadrilha' mude para algo como 'grupo político', e voilá, a mágica está feita.
'Capo de quadrilha' muda pra 'presidente', capanga vira 'deputado' e segue por aí, para felicidade geral.
Marco Angeli Full
https://www.marcoangeli.com.br
Artista plástico, publicitário e diretor de criação.