Empossado! E agora? O que o mundo e o Brasil podem esperar de Donald Trump?
21/01/2025 às 06:30 Ler na área do assinanteHoje é um dia histórico não só para a política e geopolítica mundial, mas principalmente para Donald Trump. A posse representa não apenas sua vitória na campanha presidencial, mas também a vitória pessoal de um homem que proclama aos quatro cantos do mundo que o americano supera qualquer obstáculo, seja interno ou externo. É uma rejeição à anuência externa e a confirmação de uma era de protecionismo tanto cultural quanto econômico.
A posse de Donald Trump escancara o simbolismo do estilo de vida americano, que deve ser preservado e valorizado novamente. É, antes de tudo, um recado a todas as nações de que os Estados Unidos da América iniciarão um processo jamais visto e, através de Donald Trump, colocarão em prática o lema de sua campanha presidencial: “Make America Great Again”, que significa literalmente “Fazer a América Grande Novamente”.
Eu não sei se você, leitor, tem essa mesma visão deste jornalista, cientista político e estudante de direito, que relata em formato de matéria um extenso estudo não só da política internacional, mas também da geopolítica que envolve os principais conitos militares atuais e o histórico do relacionamento dos 7 últimos presidentes do Partido Republicano dos Estados Unidos, incluindo Donald Trump.
Relação do Brasil com Governos Conservadores Estadunidenses
Desde a fundação dos EUA, o país já foi governado por 19 presidentes republicanos, que foram: Abraham Lincoln, Ulysses S. Grant, Rutherford B. Hayes, James A. Gareld, Chester A. Arthur, Benjamin Harrison, William McKinley, Theodore Roosevelt, William Howard Taft, Warren G. Harding, Calvin Coolidge, Herbert Hoover, Dwight D. Eisenhower, Richard Nixon, Gerald Ford, Ronald Reagan, George H. W. Bush, George W. Bush e Donald Trump.
Desses, os que têm maiores registros de relacionamento com o Brasil, seja por participação napolítica econômica, geopolítica, parceria de colaboração militar, fornecimento de material bélico, treinamento, críticas e até ameaças, foram: Theodore Roosevelt: Visitou o Brasil em 1913-1914 e participou da Expedição Cientíca Roosevelt-Rondon, explorando a região amazônica.
Dwight D. Eisenhower: Visitou o Brasil em 1960, fortalecendo os laços diplomáticos e econômicos entre os dois países.
Richard Nixon: Durante seu mandato, houve cooperação em áreas como comércio e investimentos, apesar de algumas tensões políticas.
Ronald Reagan: Apoiou a redemocratização do Brasil e promoveu políticas de livre mercado que influenciaram a economia brasileira.
George H. W. Bush: Manteve uma relação estável com o Brasil, apoiando a transição democrática e cooperando em questões econômicas e ambientais.
George W. Bush: Focou na cooperação em biocombustíveis e tentou promover a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), embora com resistência do Brasil.
Donald Trump: Teve uma relação marcada por tensões comerciais e críticas às políticas ambientais do Brasil.
Sim, é isso mesmo! Entre os presidentes republicanos dos Estados Unidos, Donald Trump foi o que mais fez críticas ao Brasil. Durante seu mandato, Trump criticou o Brasil, que era governado pelo ex-presidente Bolsonaro (2019-2023), em várias ocasiões, especialmente em relação a questões comerciais e ambientais. Ele ameaçou aumentar tarifas sobre produtos brasileiros e expressou insatisfação com as políticas ambientais do Brasil.
No comércio: Em 2019, Trump anunciou a intenção de restabelecer tarifas sobre o aço e o alumínio brasileiros, alegando que o Brasil estava desvalorizando sua moeda, o que prejudicava os agricultores americanos.
Meio Ambiente: Também em 2019, Trump criticou a gestão ambiental do Brasil, especialmente em relação aos incêndios na Amazônia. Ele expressou preocupação com a destruição da floresta tropical e sugeriu que o Brasil não estava fazendo o suciente para proteger o meio ambiente.
Política Econômica: Em 2020, Trump ameaçou impor tarifas adicionais sobre produtos brasileiros, como resposta às políticas econômicas do Brasil que ele considerava desfavoráveis aos interesses americanos.
Complexo de Vira-Latas!
As críticas de Donald Trump ao Brasil ocorreram tanto antes quanto depois da visita de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos. Bolsonaro visitou os EUA em março de 2019, onde se encontrou com Trump e discutiu várias questões bilaterais. Os dois chefes de estado também se encontraram na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2019, quando Jair Bolsonaro brincou dizendo "I love you" para Donald Trump.
Após o discurso de Bolsonaro e antes do discurso de Trump, os dois se cumprimentaram brevemente, e Bolsonaro fez essa declaração. Trump respondeu com um "nice to see you again" ("bom te ver de novo").
Bronca de Olavo de Carvalho
Essa admiração foi vista como ‘vassalagem’ do brasileiro e fez com que Olavo de Carvalho criticasse Jair Bolsonaro por sua postura em relação a Donald Trump. Olavo considerava que Bolsonaro estava exagerando na sua admiração pelo presidente americano e que isso poderia ser prejudicial para o Brasil. Ele expressou sua insatisfação com a forma como Bolsonaro lidava com a relação com os Estados Unidos, especialmente em momentos em que Trump fazia críticas ao Brasil.
Vale lembrar também que, mesmo sabendo que o ex-presidente brasileiro enfrentava a perseguição da mídia mundial de esquerda, Trump continuou corroborando com a crítica mundial dos ambientalistas, que intensicaram as alegações sobre as queimadas na maior floresta do mundo.
Contudo, o americano voltou a ameaçar o Brasil em 2020, com promessas de dificultar a entrada dos produtos brasileiros através de maiores tarifas, uma clara demonstração prática do protecionismo econômico estadunidense.
“Apesar da aparente grande amizade entre as famílias Bolsonaro e Trump, fica muito nítido que ‘a América do Norte sempre será em primeiro lugar, amizades à parte. E quem é mesmo o povo brasileiro?” - Daniel Camilo
Intermediação da Paz entre Israel x Hamas
Mesmo antes da posse do seu segundo mandato, Donald Trump foi reconhecido como um dos principais responsáveis pelo que ainda é considerado um ‘frágil e delicado’ cessar-fogo entre Hamas e Israel, que foi estabelecido em três fases. O acordo inclui a liberação de reféns, tanto cidadãos quanto soldados israelenses, por parte do grupo terrorista Hamas, e a soltura de 1.000 presos, entre eles civis e terroristas palestinos, por parte de Israel.
Os terroristas que participaram da ação de carnicina do dia 7 de outubro de 2023 não estão inclusos no acordo. Nesse dia, simpatizantes e membros do grupo terrorista Hamas invadiram, sequestraram e mataram mais de 1.000 pessoas em Israel, incluindo bebês, crianças, jovens, homens, mulheres e idosos. Mais de 300 soldados foram mortos e outras 251 pessoas foram feitas reféns.
Desde então, Israel utilizou seu direito de retaliação para perseguir e punir o grupo terrorista, que também é financiado por outro arquirrival tanto de Israel quanto dos Estados Unidos. A ação de Israel praticamente dizimou não só o grupo terrorista, como também a cidade de Gaza e milhares de civis palestinos.
Trump na Mediação de Paz entre Rússia x Ucrânia
Em dezembro de 2024, a equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou uma proposta de paz para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Essa proposta incluía a exigência de que a Ucrânia reconhecesse a perda de territórios já ocupados pela Rússia, além de adiar sua adesão à OTAN por 20 anos e aceitar a presença de forças de paz europeias em seu território.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, rejeitou a proposta, afirmando que Moscou não concordava com os termos apresentados.
Em resposta à posse de Trump, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy expressou otimismo em alcançar uma paz justa na Ucrânia, destacando a importância de relações fortes entre os EUA e a Ucrânia.
Por sua vez, o presidente russo Vladimir Putin declarou estar aberto ao diálogo com Trump para alcançar uma paz duradoura, enfatizando a necessidade de respeitar os interesses legítimos da Rússia.
‘Tiro no Pé’ dos EUA e do Mundo Livre
Fica mais que claro que, apesar de Donald Trump desejar ser o ‘bastião’ da paz mundial, neste caso, ele privilegia as exigências do país invasor, concordando que a Ucrânia perca cerca de 20% do seu território para a Rússia. Mas é aqui que mora o maior perigo, pois ao influenciar para que esse acordo seja concretizado, o maior vencedor será justamente os maiores arquirrivais dos próprios americanos e do mundo livre.
Desde o início do conflito Rússia x Ucrânia em 2014 com a invasão da região da Crimeia, a China se posicionou ao lado da Rússia formando o ‘eixo do mal’ pós-Guerra Fria. Atualmente, os maiores financiadores e parceiros tanto comerciais quanto bélicos e ideológicos são Bielorrússia, China, Coreia do Norte, Cazaquistão, Irã e Venezuela. Agora, com o fortalecimento e a expansão do BRICS, onde o Brasil faz parte, uma possível ‘vitória’ da Rússia no conflito com a Ucrânia significaria um avanço do comunismo e do autoritarismo no mundo ocidental.
Em resumo, qualquer tipo de acordo que venha beneficiar a Rússia é fortalecer a maior máquina comunista do planeta: a China. E como ficaria a situação da própria pequena Taiwan? Já que para Donald Trump, o que importa é os Estados Unidos saírem bem na foto e garantirem o protagonismo e a hegemonia econômica no mundo.
Deportação em Massa é Certa! E Isso Pode Melhorar ou Piorar a Vida do Americano
Tirando tudo isso, olhando para dentro dos Estados Unidos, o que se percebe é que toda ação e participação para a “paz mundial” só beneficiará quem reside dentro dos Estados Unidos da América do Norte.
Trump deseja deportar cerca de 1 milhão de imigrantes ilegais só neste ano de 2025, e isso pode incluir até a participação da própria Guarda Nacional e do Exército americano, uma estratégia que já foi cogitada por ele. Vale ressaltar que pelo menos 230 mil brasileiros vivem de forma informal no país do norte.
Isso inclui os locais que são chamados de jurisdições santuário, que são os estados que são tolerantes aos ilegais, fazendo disso uma das maiores fontes de receitas e de mão de obra para a economia local. Exemplos incluem os estados da Califórnia, Colorado, Connecticut, Illinois, Massachusetts, Nova Jersey, Novo México, Nova York, Oregon, Vermont e Washington.
Na maioria dessas unidades federativas, o imigrante ilegal consegue o direito a uma "driver's license", que é a CNH americana. Uma carteira de motorista ("driver's license") nos Estados Unidos oferece uma série de benefícios, serviços e direitos, como: identidade social, financiamento de carro, aluguel de veículo, viagens domésticas, doação de órgãos e, como direitos, o imigrante ilegal pode conduzir veículos, ter prova de residência social e acesso a serviços de emergência.
Recuperação Resgate do Sub Emprego Formal e Informal Americano
Na prática, o imigrante ilegal nos estados santuários não é um "ilegal" com "I" maiúsculo e está longe de ser considerado um criminoso. Por isso, a política anti-migratória e anti-imigrante ilegal é vista como uma recuperação dos postos de trabalho no mercado americano. Hoje, muitos nativos reclamam da falta de serviços e ocupações que antes eram deixados exclusivamente para os imigrantes legais e ilegais ocuparem, já que, para o cidadão americano, o subemprego era descartado e considerado até mesmo como indigno.
Por um lado, é o certo a se fazer, mas, no entanto, é mais uma prova de superproteção doméstica, que excluirá quem mais contribuiu com a hegemonia americana no planeta. Os imigrantes são a base da economia e do desenvolvimento americano, até porque a colonização dos Estados Unidos envolveu diversas nacionalidades e culturas, como: Ingleses, Espanhóis, Franceses,Holandeses e Suecos.
Centenas de anos mais tarde, após a Guerra Civil que culminou no fim da escravidão até o pós-Guerra, os Estados Unidos também receberam milhões de outros imigrantes para constituir o país, como: irlandeses, alemães, italianos, chineses, judeus da Europa Oriental, escandinavos e mexicanos, incluindo centenas de milhares de descendentes de escravos africanos que permaneceram no país após o fim da terrível prática da exploração da mão de obra desumana.
Além disso, os imigrantes e seus descendentes sempre estiveram presentes desde os serviços mais básicos no comércio, nos serviços domésticos e de manutenção em geral até mesmo nas Forças Armadas dos Estados Unidos.
Brasil: Quanto Pior, Melhor Para os EUA ou Qualquer Outra Potência
Para você que acredita que o novo presidente dos EUA vai interferir em alguma coisa no Brasil no tocante às repressões e ao autoritarismo da Suprema Corte e do governo federal, sinto muito lhe dizer, mas, levando em consideração a Venezuela, pode-se dizer que os americanos já aprenderam a lição aqui na América Latina e pouco ou quase nada irão interferir na nossa soberania.
Se você se contenta com o cancelamento do visto do Ministro Alexandre de Moraes, saiba também que isso poderá não acontecer. Muitos acordos unilaterais e bilaterais, direta ou indiretamente, passam pelo crivo da justiça brasileira, especialmente no mercado privado.
Por exemplo, a Starlink, o “X” (antigo Twitter) e a maioria das big techs e outras empresas de relevância mundial são americanas e prestam serviços aqui em nosso país. Talvez você se lembre do episódio envolvendo Elon Musk e o próprio ministro do STF. E como terminou o braço de ferro? Sim, Elon teve que ceder e pagar milhões em multas. Ponto final!
Parceria Histórica e Prioridade na Balança Comercial
Vale lembrar que a parceria com o Brasil é histórica e tem mais de 200 anos, além da balança comercial que é ótima. Quanto mais o dólar aumenta, mais é vantajoso para os Estados Unidos manter a parceria, independente da ideologia vigente dos governos brasileiros. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil e da América Latina, perdendo o posto de primeiro recentemente para a China.
Qualquer interferência em nossa ‘soberania’ faria com que o governo, que já é de esquerda, certamente privilegiasse ainda mais os chineses, e isso é algo que os americanos não querem que aconteça. Pelo contrário, quanto melhor o relacionamento, melhor; caso contrário, a China, que já é grande, ficará ainda maior.
A política externa dos EUA tende a ser pragmática, focando em interesses econômicos e estratégicos. Portanto, é provável que o governo americano continue priorizando a estabilidade das relações comerciais e diplomáticas com o Brasil, mesmo diante de questões internas do país. A influência crescente da China na América Latina é uma preocupação signicativa para os EUA, que buscarão manter sua presença e influência na região para contrabalançar o poder chinês.
Trump e Venezuela é o maior exemplo que nada mudará no Brasil
Durante o primeiro mandato de Donald Trump (2017-2021), sua relação com a Venezuela foi marcada por uma política de "máxima pressão" contra o regime de Nicolás Maduro. Trump impôs sanções econômicas severas e apoiou o líder da oposição, Juan Guaidó, reconhecendo-o como o presidente legítimo da Venezuela. Ele também insinuou a possibilidade de uma intervenção militar, embora essa opção nunca tenha saído do discurso.
No entanto, essa estratégia falhou em derrubar Maduro, que permaneceu firme no poder. A política de Trump foi amplamente criticada por não alcançar seus objetivos e por intensicar a crise humanitária no país.
Agora, no seu segundo mandato, é evidente que Trump busca estreitar os laços comerciais com Caracas, deixando de lado os "problemas internos" da Venezuela e priorizando acordos que beneficiam empresas norte-americanas. Isso, claro, atende aos interesses de alguns dos principais doadores de sua campanha. Afinal, os americanos voltaram a comprar fortemente o petróleo venezuelano e ampliaram seu apetite para explorar outros recursos naturais sob o domínio do ditador Nicolás Maduro.
Outro fato que expõe o pouco interesse de Trump em interferir foi o caso de Edmundo González, o presidente eleito da Venezuela, que acabou resgatado e exilado na Espanha após as eleições de 2024. Nem Joe Biden antes, nem Trump agora, mostram qualquer intenção de mudar essa política de não intervenção. Essa abordagem, aparentemente, é fundamental para os planos de
reestabelecer a hegemonia econômica dos EUA, especialmente diante do avanço de potências como a China.
Conclusão
Não se iluda, caro leitor apaixonado pela família Bolsonaro: Trump não será o salvador dos nossos problemas. Na verdade, se depender de qualquer potência — seja americana, europeia ou oriental — o Brasil continuará na confortável posição de "celeiro do mundo". Nossa missão? Alimentar quem tem fome e abrigar quem não tem nada a oferecer ao país. Acorda e deixa de ser ingênuo, seu abexxxtado!
Daniel Camilo
Jornalista e estudante de Direito e Ciências Políticas. Conservador de Direita e Nacionalista. Em 2022, concorreu ao cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo. Atualmente, está dedicado à escrita do seu primeiro livro, "Academia do Analfabeto Político”, uma obra que tem ênfase na ética política e no comportamento analítico do cidadão enquanto eleitor.