Investigação contra ex-diretor da Globo por "violência" nos bastidores da emissora é arquivada

A Justiça do Rio de Janeiro determinou o arquivamento do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que apurava denúncias de violência psicológica feitas por quatro mulheres contra o ex-diretor de humor da TV Globo, Marcius Melhem. A decisão, tomada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal, acatou o pedido do Ministério Público (MP).

A promotora Fabíola Lovis concluiu que as postagens de Melhem nas redes sociais, investigadas por supostos comentários constrangedores e desqualificadores das vítimas e testemunhas, tinham um caráter defensivo. De acordo com o MP, Melhem utilizou suas redes para responder às acusações feitas contra ele, sem extrapolar o direito à legítima defesa.

O laudo técnico conduzido por quatro peritas do Ministério Público apontou contradições nos relatos das vítimas, além de indícios de que as declarações apresentavam similaridades que poderiam ser atribuídas a um direcionamento orientado.

Apesar das inconsistências apontadas, as vítimas relataram sofrer de problemas como ansiedade, insônia e depressão, além de impactos negativos em suas carreiras. No entanto, o MP concluiu que as manifestações de Melhem não configuraram violência psicológica, pois estavam restritas à defesa pública de sua imagem.

As denúncias contra Melhem ganharam repercussão em 2019, após a atriz Dani Calabresa relatar assédio ao setor de compliance da TV Globo. Posteriormente, outras mulheres vieram a público com acusações semelhantes, que desencadearam a abertura do PIC.

Em sua decisão, a promotora destacou que Melhem começou a se manifestar publicamente após ser citado em entrevistas e matérias de imprensa, muitas delas envolvendo declarações de Mayra Cotta, advogada de algumas vítimas. A defesa de Melhem argumentou que suas postagens tinham como objetivo trazer à tona sua versão dos fatos diante de acusações amplamente divulgadas.

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