O Brasil está produzindo uma geração de médicos endividados (veja o vídeo)
07/08/2017 às 19:10 Ler na área do assinanteA dívida pode chegar até R$ 1,5 milhão ao final do pagamento do financiamento.
Isso mesmo, estamos criando um exército de médicos endividados, futuros reféns do Governo Federal e de suas políticas inconsequentes de governo.
Em outras palavras, foi isso o que afirmou o Deputado Federal de MS, Mandetta, em um encontro com médicos em Brasília, no final do mês de agosto, que analisava e discutia, o futuro da medicina brasileira.
O que relata em sua explanação chega a ser assustador, e levaria, provavelmente, muitas famílias de jovens humildes que sonham em formar o seu primeiro médico, mas que dependem do Financiamento Estudantil Federal - FIES, à reverem o seu sonho.
Analisemos: Quanto sairá devendo ao governo federal um jovem médico que financia 100% de seu curso?
O resultado chega a ser assustador, e pode chegar ao custo final de R$ 1.5 milhão, se o jovem médico utilizar os 18 anos permitidos para quitar a sua dívida.
Se não houver uma maior conscientização e mobilização da categoria, toda a sociedade poderá ser prejudicada.
Vários são os outros problemas que agravam a situação:
• Abertura de grande número de faculdades de medicina (de 148 para mais de 300) que jogarão um enorme número de profissionais no mercado (35.000 médicos por ano - meta do governo),
• Abertura de nosso mercado aos profissionais de países vizinhos pertencentes ao MERCOSUL, sem a realização de provas de revalidação do diploma médico (médico plantonista de UTI na Argentina recebe 1/3 do valor pago ao plantonista brasileiro);
• Queda na remuneração médica devido ao enorme número de profissionais ofertados no mercado;
• Perda da qualidade do profissional que atende à população devido a desproporção existente na relação de alunos graduados X vagas de residência médica;
• Falta de um plano de carreira e salários;
• Invasão de outras profissões em áreas antes restrito aos médicos e sem a devida qualificação profissional.
Qual será o futuro da medicina brasileira?
Será uma boa escolha fazer medicina atualmente no Brasil?
Essas foram algumas perguntas lançadas, à plateia, pelo ilustre deputado Mandetta, que vêm lutando de forma heroica pela defesa de uma saúde pública brasileira de qualidade e pelos interesses de nossos médicos.
A situação é realmente preocupante.
Não podemos ficar apáticos e esperando esses problemas chegarem até nós.
Só uma atitude pró ativa, dos homens e das mulheres que optaram por essa linda e árdua profissão, poderá amenizar, e, quem sabe, reverter, em um futuro próximo, este placar desfavorável.
Os médicos precisam se fazer representar nos cargos legislativos, seja à nível municipal, estadual e/ou federal.
Só ocupando uma boa porcentagem dessas cadeiras poderemos tomar importantes decisões que beneficiarão não só à classe médica, mas também à toda sociedade.
É imprescindível o equilíbrio entre os interesses sociais e os interesses da categoria sob pena de não conseguirmos o apoio da comunidade, para atingirmos os nossos objetivos.
Ou nos unimos agora ou seremos destruídos.
Obs: Essa foi a minha interpretação da mensagem passada pelo deputado federal do MS, Mandetta.
Veja abaixo o vídeo que, como médico e cidadão brasileiro, concordo em gênero, número e grau.
Roberto Corrêa Ribeiro de Oliveira
Roberto Corrêa Ribeiro de Oliveira
Médico anestesiologista, socorrista e professor universitário