8 de Janeiro: O papel e o desgaste das Forças Armadas do Brasil
05/01/2025 às 13:30 Ler na área do assinanteO dia 8 de janeiro marca um momento de reflexão sobre o papel das Forças Armadas do Brasil em um contexto de tensões internas e externas. também expõe o desgaste institucional e moral enfrentado pela tropa, reflexo direto da gestão atual e das políticas implementadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O convite aos comandantes das três Forças para comparecerem ao evento deste dia pode ser interpretado mais como uma tentativa de controle político e demonstração de poder do que um reconhecimento genuíno da importância das Forças Armadas. A tropa, dos praças aos oficiais, manifesta insatisfação diante de um governo que aparenta priorizar perseguições ideológicas em detrimento do fortalecimento da defesa nacional. A repressão a militares que expressam opiniões, mesmo internamente, ilustra uma abordagem que muitos consideram autoritária.
A ideia de um “expurgo de militares comprometidos com a defesa nacional”, como aponta o jornalista Paulo Figueiredo, não é sem fundamento. O preenchimento estratégico de cargos-chave, tanto no Judiciário civil quanto no militar, por aliados políticos, gera um ambiente em que a lealdade ao governo parece se sobrepor ao dever com a pátria. Paralelamente, a alta cúpula militar parece mais preocupada com benefícios e privilégios pessoais do que com as condições operacionais e morais da tropa.
A situação operacional das Forças Armadas é alarmante. Quartéis funcionando em meio expediente para economizar em alimentação e outros custos básicos, devido a cortes significativos no orçamento do Ministério da Defesa, são um exemplo da degradação das condições de trabalho. A redução salarial de militares da linha de frente, como reportado pelo site Sociedade Militar, agrava ainda mais o descontentamento. A escassez de recursos transformou atividades essenciais, como treinamento e manutenção de equipamentos, em exceções, e não em direitos.
A evasão de militares para outras carreiras é um indicador da desmotivação generalizada. Em um contexto geopolítico em que o Brasil é alvo de cobiça por suas riquezas naturais e a estabilidade internacional está ameaçada, a política externa do governo Lula tem sido considerada aquém das necessidades, criando mais antagonismos do que alianças estratégicas.
A capacidade operacional das Forças Armadas está gravemente comprometida. Os esquadrões de caças enfrentam uma rápida perda de pilotos, prejudicando o potencial de defesa aérea do país. A Marinha, com equipamentos obsoletos e projetos de modernização que avançam lentamente devido a restrições orçamentárias, é outro exemplo dessa crise. O Exército, com tanques Leopard 1A5 em condições precárias, recorre à canibalização de peças para manter veículos em funcionamento, enquanto investimentos em tecnologia nacional de defesa são escassos.
O dia 8 de janeiro, além de ser um momento de reflexão na história militar do Brasil, deve servir como um alerta sobre o estado atual das Forças Armadas. O desgaste não é apenas operacional, mas também moral, com uma tropa que se sente abandonada e perseguida. As Forças Armadas enfrentam um dos períodos mais críticos de sua história, fruto não apenas de falhas no comando militar, mas sobretudo de um governo que não valoriza a defesa nacional como deveria.
Carlos Arouck
Policial federal. É formado em Direito e Administração de Empresas.