A Guerra Cristera no México e o martírio de São José Sanchez del Río: lições e incompatibilidades entre Igreja Católica e Maçonaria

25/12/2024 às 21:34 Ler na área do assinante

Os leitores que me acompanham vão recordar de um texto do começo do ano sobre a Guerra Civil Espanhola. Ao falar das verdades ocultadas no conflito – o lado republicano não era nada santo, além de dominado por comunistas anticatólicos que mataram padres, violentaram freiras e assassinaram políticos do lado conservador – pelo mainstream esquerdista, ressaltei a burrice em empreender qualquer tipo de perseguição. Os comunistas espanhóis sonharam com uma Espanha livre da Igreja e colheram o terror do General Franco – não antes de protagonizarem o seu morticínio particular, denominado como Terror Rojo.

Um conflito pouco falado – vocês até imaginam o porquê – revela quem são os verdadeiros inimigos não apenas da Fé, mas da civilização. Neste caso, não foram os infames vermelhos, mas os partícipes da Maçonaria, uma seita que está por trás das revoluções que transformaram o mundo de maneira irreversível – para pior, óbvio. Não vou discorrer muito acerca disso: a Humanum Genus do Papa Leão XIII já basta para sanar qualquer dúvida.

Pois bem, pontuei a tragédia representada pela Maçonaria para falar da Guerra Cristera, um conflito que colocou o Estado mexicano dominado por maçons contra fiéis católicos que pegaram em armas para defender a sua fé da perseguição empreendida pelos seus tradicionais carrascos.

A maçonaria mexicana seguiu o padrão encolerizado das suas irmãs latino-americanas – o Brasil é um caso particular que não cabe maiores comentários por aqui. Após a promulgação da Constituição de 1917, a Igreja Católica foi severamente perseguida. O presidente da época, Plutarco Elías Calles, tinha como objetivo varrer o catolicismo do México. Daí em diante, o clero foi alvo de processos infundados, limitações no exercício das suas funções e mesmo prisões e assassinatos. Era uma situação complexa e restava pouca margem para soluções pacíficas.

Os fiéis leigos pegam em armas, defendem a sua fé e vencem as forças estatais. Num primeiro momento, o governo aceita a derrota e promete acabar com o conflito, negociando um acordo com os católicos. Entretanto, tal promessa não é cumprida e o banho de sangue logo retorna ao pobre México. Os cristeros – católicos que lutaram contra a perseguição religiosa – baixaram a guarda e caíram na esparrela do presidente Calles. Uma guerra estúpida, reveladora da verdadeira confiança que se pode depositar em qualquer César e simbólica ao exemplificar o ódio maçônico contra Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mártires dessa guerra são vários, como o Beato Anacleto González Flores – assassinado pelas forças governistas –, que antes de ser martirizado, disse: ‘’eu morro, mas Deus não!’’. O mártir mais conhecido é São José Sanchez del Río, o jovem menino que não temeu a morte e jamais titubeou ao dar a vida para ganhar o Céu. Ele é um exemplo ímpar de coragem e amor a Deus.

José Luiz Sanchez del Río quis lutar na Guerra Cristera por conta própria, contrariando a vontade dos seus pais. Ao justificar tal atitude para a sua mãe, disse que ‘’nunca foi tão fácil ganhar o Céu como agora’’. Menino de 14 anos, mas com um destemor digno dos bravos guerreiros, ele acabou capturado e torturado pelas forças governistas. Cortaram a sola dos seus pés, e caminhando descalço até o seu túmulo, foi prometido o fim do sofrimento se ele negasse a Cristo. Oferta rejeitada: quanto mais era torturado, mais gritava ‘’Viva Cristo Rei!’’. Aos 14 anos, Joselito – como era conhecido – foi martirizado. Entregou a sua vida terrena para ganhar a eterna.

Pois bem, o objetivo deste humilde artigo não é fazer o leitor odiar aleatoriamente qualquer maçom. Estamos no Brasil, a exceção é a regra: ambos os lados do espectro político e até mesmo padres eram maçons. Os imperadores, José Bonifácio – embora ele tenha saído e rejeitado posteriormente as suas teses – e tantas personalidades que realizaram coisas boas também estavam nas suas fileiras. A própria Independência foi obra de homens da Maçonaria.

Porém, a natureza da Maçonaria é danosa e maléfica. Não apenas aos católicos, mas aos direitistas em geral: ela está por trás de eventos como a Revolução Francesa, a chaga que pariu o modernismo revolucionário e influenciou a sua irmã russa – as cem milhões de mortes atestam de forma inquestionável a desgraça bolchevique. Ao expulsarem Nosso Senhor Jesus Cristo da vida pública, pariram o secularismo e a farsa da democracia liberal ateísta, na qual a doutrina da Igreja é uma opção tão respeitável quanto o esquerdismo progressista dos dias atuais. Igualar todas as religiões como corretas, aliás, é o erro primordial da Maçonaria.

Não estamos nos tempos das perseguições sanguinárias contra a Igreja. Embora os católicos devam estar preparados para tal, a situação é outra. Como disse o Papa Bento XVI, o católico deve estar preocupado não com o martírio da fé, mas o da ridicularização. Quantas vezes a nossa fé foi achincalhada publicamente – seja na imprensa, na política ou por gente do beautiful people que nada sabe e fala sobre absolutamente tudo?

Que o exemplo de São José Sanchez del Río traga luz nesse mundo moderno de trevas e escuridão. E que ele não nos faça esquecer dos verdadeiros inimigos de Cristo.

Carlos Júnior

Jornalista

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