‘Todo político que fala muito em Segurança Pública é o que mais se compromete com a criminalidade.’ - Mago Gago, pensador paraibano
No dizer de Jorge Serrão, editor do Alerta Total, ‘não será fácil cumprir a promessa de golpear o tráfico’ – conforme pregação do ministro da Defesa, Raul Jungman. O Rio será um ‘laboratório’ – na expressão usada pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General de Exército Sérgio Etchegoyen."
Pelo que se saiba, ‘laboratório’ é espaço para criação, exames, testes, descobertas, produção, novidades e, também, para treinamentos que podem pertencer às várias modalidades de estudo.
Combater o tráfico de drogas não é tão difícil, é questão policial afeita ao Poder Federal, se ele funcionar realmente. Muito difícil é reconstruir uma cidade caótica, dentro de uma organização urbana capaz de oferecer os meios civilizados de sobrevivência humana. As questões pontuais de Segurança Pública, no entanto, que dizem respeito aos Estados federados, foram tornadas complexas em função das incontáveis displicências e utopias residentes em todos os poderes organizados na República.
O Estado brasileiro, aliás, já nasceu capenga e esclerosado, desde os tempos coloniais. Tornou-se, assim, desde os seus primórdios num vasto laboratório de maluquices, de onde escaparam as piores bactérias e os mais virulentos micróbios que acabaram infestando a vida dos que habitam as diversidades de Pindorama. Uma obra faraônica em matéria de insanidades políticas.
A insegurança organizada no Grande Rio, para não falarmos de seu interior sempre esquecido, é diretamente ligada à superpopulação, sempre desproporcional aos meios regulares de sobrevivência disponível em seu espaço geográfico. A desorganização urbana acabou por abrigar cerca de duas mil favelas, isto é, no eufemismo sociológico chamadas de ‘comunidades’, habitadas por gente de toda origem possível e imaginável, unida nas desventuras. Comunidades sem esgotamento sanitário, como de resto toda a urbe brasileira, com moradias agarradas umas às outras, sem hospitais e escolas que mereçam tais nomenclaturas, e sendo assediadas pelos traficantes chulés, com oportunidades de "trabalho" e de assistência social. Mas, os mandões não estão lá. Moram nos confortos dos Poderes, nos apartamentos e mansões bem distantes dos fedores das pobrezas, bem como seus principais consumidores e distribuidores na vasta teia criminosa, ativa e passiva, bem estabelecida pelo país inteiro e nos seus vizinhos fronteiriços, com seus laboratórios exportadores de drogas e operadores do tráfico de armas. Grandes negócios costumam buscar apoios políticos e, geralmente, os conquistam.
Com uma fronteira marítima de 7.367 quilômetros, o Brasil tem limites terrestres com nove países da América do Sul: Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname, e com o Departamento Ultramarino Francês da Guiana, numa extensão da ordem de 16.886 quilômetros. Nenhum país pobre de recursos e tão vasto, poderá defender suas fronteiras com permanentes penúrias orçamentárias...
Os assaltos e homicídios cometidos pelos "de menor" e por jovens eleitores, são os que mais assustam e que mais produzem vítimas no Grande Rio. Vão fazer o quê com eles? As leis lhes protegem. Os Direitos Humanos são os silêncios dos cemitérios...
O laboratório ai está. Agora, já é tão tarde, que talvez nada mais reste do que uma triste constatação : "Delenda est Cartago! "
Jorge E. M. Geisel