De onde menos se espera algo, daí é que não sai nada, certo? Pois bem, a máxima pode falhar raríssimas vezes. O sr. Gerson Camarotti conseguiu destruir a narrativa das esquerdas sobre o aumento na taxa de juros feito pelo Banco Central. O que tipos detestáveis como Gleisi Hoffman, Erika Hilton e tutti quanti sustentam como sabotagem de Roberto Campos Neto – presidente do BC – não corresponde com a realidade no mesmo instante em que (I) a decisão foi tomada pela cúpula do COPOM por unanimidade, (II) metade do colegiado foi indicado pelo presidente Lula e (III) o sucessor de RCN escolhido pelo mandatário petista também foi favorável ao aumento.
Não seria elogiável que alguém consiga enxergar um palmo diante do nariz, mas estamos no Brasil. Aqui, a norma é não saber nada, fingir saber de tudo e atacar os que sabem de alguma coisa. A façanha é ainda mais simbólica quando lembro que o sr. Camarotti é jornalista e trabalha na Globonews – não é fácil acertar numa análise diante de tais adversidades.
A norma da grande mídia brasileira é mentir de forma descarada e cínica. Seja por burrice, má fé ou misto das duas coisas, os patifes que aparecem diante das câmeras ou escrevem nos portais – como escrevem mal, aliás – mostram um descompromisso total com a verdade. E, o que é pior, julgam estar em posição privilegiada e exclusiva para definir o que pode e o que não pode ser dito. Isso não é jornalismo e sim um empreendimento macabro de engenharia social das mais insanas.
Peguem, por exemplo, a discussão sobre a possível vontade do ex-presidente Jair Bolsonaro em decretar o estado de sítio. É algo previsto na Constituição e depende da aprovação do Congresso. Pela mera possibilidade – não esqueçam disso –, Bolsonaro é tratado como golpista inimigo da democracia, escolham a adjetivação que quiserem, além disso servir como base para a palhaçada jurídica que seus inimigos utilizam no métier em tentar prendê-lo de qualquer forma. Algum esquerdista pode dizer que há mais coisa, mas tudo isso é gambiarra de togados engraçadinhos que brincam com a justiça ao invés de defendê-la.
Democracia essa que tem João Goulart como herói. Ora, não foi ele que também quis decretar o estado de sítio – sendo impedido de forma assertiva pelo parlamento? Além de Jango ter definitivamente tentado, ele promovia a completa desordem institucional e era o boi de piranha dos comunistas que atuavam no país – como revelou o livro ‘’1964: o elo perdido: o Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista’’. O dito golpe foi o dispositivo legal encontrado pelo Congresso para depor o irresponsável presidente após manifestações gigantescas e a posição firme de setores importantes da sociedade civil.
Uma pequena digressão: a mentira propalada como verdade do Evangelho que o golpe foi obra americana nada mais é que obra de desinformação da StB – a KGB da antiga Tchecoslováquia – perpetrada por Ladislav Bittman, desertor do bloco comunista. O próprio confessou tal ardil e nunca foi entrevistado por nenhum jornalista brasileiro, tampouco levado em consideração pela dita historiografia oficial. Para quem deseja saber mais detalhes desse e de outros fatos, o livro ‘’A KGB e a desinformação soviética’’ é uma ótima fonte.
Jair Bolsonaro supostamente quis decretar o estado de sítio e é tratado como golpista autoritário. João Goulart efetivamente tentou e é tido como injustiçado democrata. É a canalhice intelectual elevada à enésima potência.
Querem outro exemplo recente? O sr. Guga Chacra descascou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na época da sua condenação. Qualquer americano médio com mais de dois neurônios em pleno funcionamento sabe que o processo é recheado de irregularidades, além do promotor que atuou no caso ter sido financiado por George Soros – a grande mídia brasileira classificou essa informação como falsa, mas ela é real. Aliás, o simples fato do promotor ser de Nova York diz muito: trata-se de um dos estados mais esquerdistas dos EUA, com um aparelhamento brutal das instituições judiciais. (não me venham com a balela de NY ser o lar de Trump e ele só poder ser julgado lá, aqui não é a coluna do Marco Antônio Villa para o óbvio ser apresentado como grande novidade).
Pois bem, não lembro de ver toda essa indignação do sr. Guga com a vitória de Lula, esse sim um condenado em três instâncias e que só pode voltar à arena política graças à vergonhosa gambiarra jurídica do STF. Não pode haver desproporção maior entre os casos: Trump foi condenado por supostamente comprar o silêncio de uma atriz pornô acerca de um caso extraconjugal, Lula teve o mesmo destino e chegou a ficar preso por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mesmo com as minhas críticas já conhecidas sobre a condução do processo e a sentença contra Lula, as provas não desapareçam.
Eu já passei da fase da indignação. Da classe jornalística brasileira, só espero o pior. É uma reunião de gente presunçosa, inculta e pérfida, que mente na mesma frequência que respira.
Quem quiser buscar informação verídica e de boa qualidade, a mídia independente está aí para tal. Descontada a qualidade não ser a mesma por motivos óbvios, ela é a responsável pelo pouco debate intelectual que ainda restou neste país, pois os engravatados dos canais de televisão não passam de repetidores mecânicos de mentiras vindas de cima. Quando resolvem emitir alguma opinião com adornos sofísticos, o resultado é semelhante ao que se faz na privada.
Carlos Júnior
Jornalista