Daniel Silveira 'livre da prisão' é a prova de que ditaduras só libertam as sequelas da 'democracia'
20/12/2024 às 14:02 Ler na área do assinanteDefinivamente, não há motivos para comemorar. Daniel Silveira é o reflexo de uma verdade desconfortável que muitos preferem ignorar: a democracia, na maioria das ocasiões, funciona como a principal porta de entrada para as ditaduras.
Isso não é teoria da conspiração; é um ciclo cruel e, ao mesmo tempo, previsível na dinâmica do poder político.
“Daniel Silveira é um símbolo de algo que vai muito além da liberdade de expressão. Ele mostra que a democracia é o portal de entrada para os monstros da ditadura. E o PT é apenas a horda de servos”.
Vivemos em uma época em que a palavra "democracia" virou escudo para legitimar quase tudo.
Ela é usada como justicativa para abusos, arbitrariedades e até censura. E o caso de Silveira?
Um deputado eleito, protegido teoricamente pela imunidade parlamentar, preso, silenciado e agora "agraciado" com liberdade condicional, como se fosse um favor. O direito virou concessão. A liberdade virou moeda de troca.
A democracia brasileira, como muitas outras pelo mundo, está longe de ser perfeita. Em vez de proteger a diversidade de opiniões e o debate público, nossas instituições estão cada vez mais vulneráveis a interesses de grupos que manipulam as regras do jogo. O que deveria ser espaço para ideias divergentes virou palco de monólogos impostos por quem está no poder. E nesse cenário, o povo – quem deveria ser o protagonista – acaba relegado a plateia anestesiada.
A pergunta que ninguém quer responder é: o que acontece quando a democracia deixa de ser o caminho para a liberdade e vira o mecanismo para legitimar o autoritarismo?
Eleições, imunidade parlamentar, direitos civis... tudo parece bonito no papel, mas, na prática, se tornou jogo de cartas marcadas. E, pior, muitos aceitam isso de bom grado, como se fosse o preço da "estabilidade".
Daniel Silveira não é só um homem enfrentando o sistema; ele é um alerta. Enquanto vemos parlamentares nadando em privilégios – salários altíssimos, benesses, cliques em redes sociais monetizadas – o eleitor conservador, aquele que confiou nesse movimento, percebe que foi largado no meio do caminho.
A democracia que juramos proteger está se tornando o álibi perfeito para o nascimento de algo ainda mais perigoso: uma ditadura de gravata, com fachada de legalidade, mas com essência de controle e censura.
Então, antes de celebrar a liberdade condicional de Silveira ou pensar que o jogo virou, pare e reflita. Estamos mesmo em uma democracia? Ou estamos testemunhando a construção de um novo autoritarismo, agora com uma máscara mais polida?
Daniel Camilo
Jornalista e estudante de Direito e Ciências Políticas. Conservador de Direita e Nacionalista. Em 2022, concorreu ao cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo. Atualmente, está dedicado à escrita do seu primeiro livro, "Academia do Analfabeto Político”, uma obra que tem ênfase na ética política e no comportamento analítico do cidadão enquanto eleitor.