Gigantes do atacado e varejo demitem em ação incomum pelo momento de festas de fim de ano

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O grupo Carrefour e o GPA, dono da rede Pão de Açúcar, duas das maiores empresas de varejo do país, estão fazendo cortes de pessoal.

A notícia que chega a ser surpreendente, em razão do momento de festas de fim de ano, foi publicada pelo Valor Econômico. Eis o que diz a notícia:

“Nas unidades de varejo e atacarejo (Atacadão) do Carrefour, a estimativa é que, ao fim do processo, 2,2 mil pessoas serão afetadas.
É algo incomum de ocorrer no mercado neste período, pelo momento das festas de fim de ano, gerando um risco maior de efeitos negativos na operação, em meses de fluxo de clientes crescente, e com possibilidade de afetar o nível de serviço nas lojas.
Ambas as empresas estão em reestruturação de seus negócios há algum tempo, em operações afetadas por juros altos e por dificuldades internas da administração em melhorar vendas e a eficiência das unidades de varejo.
No grupo Carrefour, as reduções são mais fortes, e começaram a afetar as unidades do Atacadão em novembro. Já nos supermercados e hipermercados, os cortes avançaram nos últimos dias. A expectativa é que no Carrefour, cerca de 1,2 mil pessoas sejam afetadas, basicamente na operação de hipermercados.
No Atacadão, maior rede de atacarejo do Brasil, foram pouco mais de mil empregados demitidos em novembro, uma média de três por loja, num movimento concentrado nas unidades da rede, apurou o Valor.
Procurado para comentar as informações apuradas, o grupo Carrefour afirma que os ajustes de quadro realizados neste período fazem parte de um movimento natural no setor varejista e não impactam a operação de final de ano ou o atendimento e serviços aos clientes.
Segundo documento anexado pela empresa na B3, ao fim de 2023, o grupo (atacarejo e varejo) somava 150 mil empregados, na área de lojas, centros de distribuição e no administrativo, logo, a redução atual equivaleria a 1,5% da base de empregados. No chão de loja, esse peso é maior pelo maior volume de cortes na área.
A questão é que há uma necessidade do Carrefour de fechar o ano com contas mais enxutas, e entrar 2025 com uma operação mais ‘limpa’, frente a uma pressão maior de juros em alta no país e pela necessidade de melhorar a eficiência do braço de varejo.
Os hipermercados passam por mudanças no modelo e conversões em Atacadão, mas ainda tem desempenho abaixo do esperado.
Desde que assumiu as operações compradas de Makro e Big, a companhia tem buscado gerar novas economias e sinergias, ao mesmo tempo precisa adequar a empresa a um tamanho menor de operação, por meio de redução de despesas e vendas de ativos, algo que o grupo não fazia há anos.
O aumento de inflação e o cenário de incerteza relativa às contas fiscais do governo federal têm obrigado o Comitê de Política Monetária (Copom) a subir os juros, o que afetará diretamente as despesas financeiras das empresas brasileiras em geral entre 2024 e 2025.
No GPA, um negócio menor que o Carrefour, as reduções têm sido feitas aos poucos, desde novembro, pois optou-se em ir estendendo ao longo do tempo, até para evitar um impacto maior de imediato.
Neste momento, os cortes afetam a sede administrativa, em São Paulo, diz uma pessoa a par do tema.
A empresa tem como meta uma redução de cerca de R$ 100 milhões de despesas gerais e administrativas, sob um total aproximado de R$ 700 milhões, ou uma redução de cerca de 15%.
‘Eles demitiram várias pessoas de gerência média e também fizeram demissões de diretores com um ‘merger’ de funções, ou seja, um faz trabalho de dois’, diz uma fonte.
‘Os custos de pessoal devem pesar por volta de uns 12% a 15% sobre receita líquida . Não tem como reduzir custos sem mexer em pessoas’, diz um executivo.
O atual processo de ‘turnaround’ do GPA começou anos atrás, em diferentes fases e intensidades, especialmente após 2016, tentando encontrar uma saída para a relação entre dívida e geração de caixa.
Sobre o tema, o GPA prefere não comentar.”

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