Lula vai ao Fantástico para, na prática, lançar campanha à reeleição e defender perseguições policiais contra opositores

16/12/2024 às 13:36 Ler na área do assinante

O primeiro ato da campanha de reeleição do Descondenado foi uma entrevista ao Fantástico, em que Lula busca demonstrar vigor físico para exercer o poder e ter condições de disputar as próximas eleições.

Ele aproveitou o momento para instigar a perseguição política aos seus adversários, mentindo sobre "ter sido preso sem direito de defesa". O Fantástico, surpreendentemente, expôs a mentira, fazendo um breve recap do caso.

Ora, Lula contou com a defesa das mais caras bancas do país e pôde recorrer a QUATRO instâncias, incluindo o próprio Supremo, que avaliou seus recursos por DEZENAS de vezes. Não houve um brasileiro que teve mais direito de defesa do que Lula.

Ele foi condenado no âmbito do maior escândalo de corrupção da história, em dois processos diferentes, com amplo conjunto probatório, dezenas de confissões dos próprios corruptores e bilhões rastreados nos esquemas de desvio - uma parte considerável sendo recuperada pela Justiça. Lula ficou preso até que o Supremo mudou o entendimento sobre prisão após segunda instância e posteriormente anulou as condenações, por suposta parcialidade de Sérgio Moro.

Em 2022, o ministro Fux, então presidente do Supremo, declarou:

"Ninguém pode esquecer o que ocorreu no Brasil, no mensalão, na Lava Jato. Muito embora tenha havido uma anulação formal, aqueles R$ 50 milhões das malas eram verdadeiros, não eram notas americanas falsificadas. O gerente que trabalhava na Petrobras devolveu 98 milhões de dólares e confessou efetivamente que tinha assim agido."

Agora, Lula afirma que seus opositores devem ter a presunção de inocência que ele, segundo a sua narrativa, não teve.

Não há comparação entre o tratamento dado a Lula pela Justiça e o dispensado aos seus opositores. As investigações contra os adversários do Descondenado tiveram início por iniciativa da própria corte constitucional. Raquel Dodge, então procuradora-geral da República, chegou a classificar o procedimento como um 'Tribunal de Exceção' e solicitou seu arquivamento, argumentando que a abertura do inquérito não foi promovida pelo Ministério Público, como prevê o sistema acusatório instituído pela Constituição Federal de 88. O pedido, entretanto, foi negado, desconsiderando a prerrogativa do MP de arquivar inquéritos.

Neste caso, os ministros que julgam são também as supostas vítimas do caso, e não há a quem recorrer. Quase todos os investigados não têm foro privilegiado; seus advogados relatam dificuldades até mesmo para acessar os autos da investigação. Além disso, os ministros julgadores comparam os investigados a "nazistas e fascistas" antes mesmo do julgamento, e o presidente do tribunal chegou a declarar que "nós derrotamos o bolsonarismo".

Mas as mentiras de Lula não pararam por aí. Em tom de sermão, Lula afirmou que "ninguém no mercado tem mais responsabilidade fiscal que eu", mesmo diante da explosão dos gastos e da aceleração do endividamento desde que ele tomou posse. O Descondenado ainda alegou que a única irresponsabilidade "é de quem aumenta a taxa de juros todo dia", esquecendo-se de mencionar que a última alta de juros foi decidida de forma unânime, incluindo diretores indicados por ele.

Com a expectativa de mais populismo fiscal e da confirmação de Lula como candidato à reeleição, o mercado abriu nervoso nesta segunda-feira. O Banco Central precisou queimar US$ 4,5 bilhões para segurar o dólar, que permaneceu praticamente estável, mesmo com a intervenção. Os juros futuros dispararam, com o DI para 2027 subindo 2,28%, chegando a 15,40%. Já o IBOV seguiu estável após dois pregões de forte queda, acumulando uma baixa de 7% no ano, uma das piores performances do planeta.

Consolida-se, assim, um ambiente econômico, político e social sombrio, sem perspectivas de melhora no horizonte visível.

Leandro Ruschel.

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