Prisão de Braga Netto é termômetro para “Inquisição” em massa
14/12/2024 às 10:54 Ler na área do assinanteAntes de mais nada, saiba que não estamos falando de uma pessoa qualquer. Braga Netto é general da reserva do Exército, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa do governo Bolsonaro, além de ter sido candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, que perdeu a eleição de 2022.
A prisão do ex-candidato à vice-presidência da república não se trata apenas dos resultados que um inquérito apresenta para os fins desejados contra o indivíduo. A condução de Braga Netto para o comando militar do leste, onde ficará sob custódia do exército, é um termômetro para o que ainda está por acontecer.
E se você só pensa na possibilidade da prisão do ex-presidente Bolsonaro, não seja tão limitado.
O que estamos prestes a presenciar nas próximas semanas, ou quem sabe dias, são ações de prisões em massa de dezenas e dezenas de autoridades ou ex-autoridades que participaram do governo Bolsonaro.
Além disso, é de se esperar ainda mais censura e prisões de apoiadores, jornalistas, comentaristas, influencers, derrubada de canais e perfis nas redes sociais, cassações de mandatos e inelegibilidade de outras dezenas de parlamentares, figuras que foram próximas ou ainda são de Bolsonaro, incluindo sua própria família.
Mas, de repente, isso parece não ser uma novidade, ou que este jornalista está sendo redundante. Entretanto, o que estou prevendo é que, dessa vez, iremos presenciar uma verdadeira “caça às bruxas” sincronizada em todo o território nacional e não paulatinamente como tem acontecido até agora.
A prisão de Braga Netto é apenas um termômetro para saber como o ex-presidente, sua família, outros investigados e nomes de peso da direita vão reagir.
Ou seja, "se ficar o bicho pega e se correr o bicho come".
E quais os fundamentos para tal previsão?
A própria operação é um dos motivos. O segundo é a condenação do ex-presidente nacional do PTB, ex-deputado federal e apoiador Roberto Jefferson, condenado a mais 9 anos de prisão. O terceiro motivo é o voto contrário do Ministro Nunes Marques contra o afastamento do Ministro Alexandre de Moraes do inquérito, pedido feito pela defesa de Bolsonaro.
O quarto motivo é a condenação do governador do estado de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), à inelegibilidade de 8 anos por abuso de poder econômico. Apesar de ainda poder recorrer e ter a possibilidade gigantesca de reverter esse imbróglio, só o fato desse acontecimento contribuiu para o contexto.
E o quinto motivo é o aparente enfraquecimento da própria liderança do movimento conservador, que ultimamente vem se desgastando internamente devido aos desentendimentos nas eleições municipais de 2024, que ainda repercutem muito.
Como exemplo, a relação de Bolsonaro com o atual Governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, que também é cotado para ser presidente em 2026.
Segundo fontes, depois das eleições municipais, a relação dos dois maiores líderes da direita do Brasil nunca foi a mesma, e as declarações que se vê em público são meramente de aparência devido ao eleitorado. Nada mais que isso. No entanto, o distanciamento foi ainda maior depois da crise de imagem da segurança pública do estado de SP, que recebeu críticas do STF e de parlamentares de esquerda que pedem a demissão do atual secretário de segurança, Guilherme Derrite.
Todos esses motivos contribuem para um contexto de desorganização, fraqueza e vulnerabilidade capaz de encorajar não só os Ministros do STF, mas também o governo, que tem motivos de sobra para colocar mais lenha ainda nessa fogueira. Vale lembrar que o Ministro da Justiça e Segurança Pública, a PGR e a AGU são nomeações do Lula, peças centrais para que todo esse cenário se desenrole.
Além do mais, o atual presidente é o principal algoz do ex-presidente, já os membros da suprema corte são os principais algozes do movimento conservador.
Daniel Camilo
Jornalista e estudante de Direito e Ciências Políticas. Conservador de Direita e Nacionalista. Em 2022, concorreu ao cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo. Atualmente, está dedicado à escrita do seu primeiro livro, "Academia do Analfabeto Político”, uma obra que tem ênfase na ética política e no comportamento analítico do cidadão enquanto eleitor.