O caso do assento negado: Um despertar necessário

08/12/2024 às 11:09 Ler na área do assinante

A reação do brasileiro médio ao caso de Jennifer, que se recusou a ceder seu assento a uma criança chorando, expôs algo além do embate trivial: revelou o esgotamento de muitos com o discurso moralista da esquerda “woke”.

Ao contrário do esperado pelos defensores da “solidariedade incondicional”, Jennifer não cedeu à pressão emocional nem buscou justificar sua decisão. Simplesmente manteve-se firme e indiferente.

Esse ato simples gerou apoio massivo: mais de um milhão de pessoas concordaram com sua postura. Não por insensibilidade, mas por um cansaço crescente diante da retórica paternalista da esquerda.

Afinal, o verdadeiro oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença.

Ignorar essa imposição moral é, talvez, a maior arma contra uma narrativa que insiste em explorar a solidariedade como moeda política.

Jennifer representa um ideal diferente, um conceito frequentemente incompreendido pela esquerda: o altruísmo recíproco.

Ela não rejeita a solidariedade, mas acredita que esta deve ser acompanhada por um senso de retribuição e responsabilidade. Cederia seu lugar a um filho de um amigo, mas não a um completo desconhecido. E está no direito dela.

Por séculos, nossa sociedade se baseou em valores como gratidão e reciprocidade.

Ensinar as crianças a dizer “obrigado” não é apenas uma formalidade, mas a base de comunidades saudáveis e funcionais.

Ajudar alguém não é um contrato financeiro, mas tampouco deve ser um ato unidirecional que cria dependência. A solidariedade sem reciprocidade transforma-se em exploração.

E é isso que a esquerda moderna não entende – ou, talvez, não quer entender.

Ajudar indiscriminadamente cria um ciclo de parasitismo, onde o beneficiário nunca sente a obrigação de retribuir.

O Bolsa Família, por exemplo: quantos de seus beneficiários demonstraram real gratidão ou se comprometeram a retribuir à sociedade quando sua situação melhorou?

Quantos pagaram a ajuda recebida com trabalho, serviço ou qualquer forma de contribuição?

A classe política esquerdista reforça esse comportamento.

Não há sequer um gesto simbólico de gratidão aos que sustentam o sistema.

Alguma vez você recebeu uma carta do Ministro da Fazenda agradecendo seus impostos e detalhando como foram usados?

Não, porque para eles, o cidadão que paga impostos é apenas um recurso inesgotável, não alguém digno de reconhecimento.

Está na hora de reavaliarmos nossos sistemas.

Educação universitária pública e gratuita? Sim, mas com compromisso de retribuição após a formação.

Benefícios sociais? Sim, mas com responsabilidade de retorno à sociedade.

Solidariedade incondicional não constrói comunidades; constrói dependência.

O exemplo de Jennifer deve inspirar mais do que debates.

Deve nos lembrar que não é preciso gritar para resistir.

A indiferença estratégica pode ser a chave para desmontar discursos vazios. O brasileiro está cansado, e com razão.

Que Jennifer seja o símbolo de uma nova postura: pragmática, firme e livre do parasitismo emocional.

Stephen Kanitz. Consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.

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