Liberdade não se ganha, se conquista

06/12/2024 às 14:00 Ler na área do assinante

São poucos os patrícios conscientes – aqueles dotados de uma visão mais realista do mundo de hoje. A maioria da população ainda acredita que virá ajuda de fora – uma ajuda preciosa que fará toda a diferença. A vitória do Trump elevou à milésima potência a esperança de uma intervenção americana, de molde a coibir o avanço da ditadura que se instalou no país.

São esses os ares que se respira nas ruas. O brasileiro não vê a hora da posse do presidente americano para começar a limpeza no Brasil. É tanta pureza de alma que chega a emocionar. Doce ilusão...

Olhe para a Venezuela. A ditadura venezuelana é antiga. Trump não fez nada. Mesmo com todo o patriotismo do povo americano e com toda a ofensa de Maduro à bandeira dos gringos, os EUA nunca procederam a uma intervenção mais incisiva na Venezuela. Por que com o Brasil seria diferente?

Ao contrário, a tensão da situação geopolítica global demanda muito mais atenção americana do que exigia nos tempos do primeiro governo do Trump. A função dos EUA, enquanto líder do ocidente, representante dos conservadores, do estado democrático de Direito – é de altíssima responsabilidade. Estamos à beira de uma guerra nuclear.

No dia 17 de novembro passado, nos 45 do segundo tempo, Biden autorizou a Ucrânia a utilizar misseis de longo alcance, o que era um tabu na guerra da Rússia. Obviamente a resposta russa seria a ameaça de se utilizar a bomba nuclear. Esse abacaxi caiu no colo do Trump, que terá a missão de salvar o mundo de uma terceira guerra mundial.

É como a esquerda atua, seja no Brasil ou nos EUA: perdeu a presidência, então explode o planeta – como aquela criança que foi proibida de brincar no parquinho e resolve incendiar o parque.

O fato é que a ajuda não virá de fora, se o povo brasileiro não fizer por onde. Alguém tem que virar a mesa primeiro – e só quem pode virar essa mesa é o povo. Estamos a sentir na pele o significado do bordão “liberdade não se ganha, se conquista”. Até então essas experiências se limitavam às páginas da História, seja do Brasil ou da própria civilização.

O conhecimento da História ensina que somente o povo destemido, que preze pela sua liberdade e de sua família, tem capacidade de conquistar sua liberdade. Um povo covarde ou sem amor à Pátria, sem compromisso com os princípios democráticos de Direito, carece dos atributos necessários que lhes alforriem a própria liberdade.    

Não estamos a falar somente da nossa liberdade, mas a dos nossos filhos, netos e todas as gerações seguintes. O que está em jogo é o futuro das nossas famílias e do nosso povo.

Ninguém disse essa missão será fácil.

Mas o povo está amedrontado.

Também pudera: num país que nem os deputados, que gozam de imunidade parlamentar, estão livres de prisão em razão do que falam na tribuna da Câmara, o que dizer de um simples cidadão pai de família?

Por pior que tenha sido o ano de 2024, ele será melhor do que o ano de 2025, porque no ano que vem teremos muito mais bandidos soltos nas ruas, egressos do sistema prisional, do que agora. Eles abriram os portões das penitenciárias e engessaram o trabalho policial – a ideia é promover o caos.

Enquanto o cidadão de bem se conformar com essa situação, a tendência será sempre de piorar. Já chegamos num estágio bem avançado. A China está trazendo sua montadora de veículos para o Brasil. Para a construção de cinco mil unidades habitacionais destinadas aos seus funcionários, no lugar de contar com a mão de obra local (acabando com o desemprego naquela região), preferiu trazer operários chineses, que se constatou serem tratados de forma sub-humana, como se fossem escravizados.

Estamos vendo isso em território nacional!

Não se pode contar com a ajuda dos militares e nem da Justiça. É o povo, pelo povo. Até quando a população vai aceitar pacificamente essa tirania que tomou de assalto o nosso Brasil?

É claro que o Presidente Trump tomará medidas de apoio ao resgate do nosso estado democrático de Direito, mas não é o que vai resolver – só o povo tem esse poder.

Nada foi feito até agora e caminhamos para uma eleição em 2026 nas mesmas urnas que elegeram Lula em 2022. O voto impresso auditável fica para 2030. Até lá vale a máxima do Barroso de que “eleição não se vence, se toma”.

Carlos Fernando Maggiolo

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ. 

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