Morte de traficantes e de delator do PCC faz polícia rastrear "laranjas" para o Estado sequestrar os imóveis

16/11/2024 às 06:55 Ler na área do assinante

A Polícia Civil de São Paulo está rastreando laranjas do esquema criminoso de lavagem de dinheiro operado por Vinícius Gritzbach, o delator do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Ele foi morto a tiros no dia 8 de novembro, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Vinícius Gritzbach estava delatando esquemas que envolviam policiais civis e militares e o PCC. Antes, ele fazia parte de uma rede complexa de figuras que integravam o alto escalão do crime organizado.

Gritzbach atuava escondendo imóveis de integrantes da facção criminosa em nome de laranjas. Em seu acordo de delação premiada, fechado neste ano com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), ele admitiu isso, além de ter entregue provas de diversas transações imobiliárias de lideranças do PCC.

Um dos modus operandi de Gritzbach para lavar dinheiro era intermediar compra de imóveis, em dinheiro vivo, para traficantes. Para evitar que os bens fossem facilmente rastreados, eles eram colocados em nomes de laranjas.

Em sua delação ele admitiu apenas dois laranjas, um tio e um primo. No entanto, investigadores acreditam que o que foi mapeado é apenas uma parcela do que foi escondido e que há outras pessoas usadas no esquema além desses familiares.

Gritzbach afirmou ter lavado dinheiro para os traficantes Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, e para Cláudio Marcos de Almeida, o Django. A suspeita da polícia é que ele tenha movimentado por volta de R$ 200 milhões apenas para Cara Preta.

Com a morte de Cara Preta, de Django e também de Gritzbach, esses laranjas poderiam tentar se apropriar dos bens obtidos com dinheiro do crime organizado.

Policiais civis têm realizado um apurado rastreamento em busca de localizar os imóveis do crime, que poderão ser sequestrados pelo estado.

Paralelamente, a Polícia Civil rastreia uma rede de suspeitos de darem continuidade à lavagem de dinheiro do crime organizado feita por Gritzbach.

A polícia investiga, por exemplo, uma rede de postos de gasolina na zona leste, suspeita de lavar dinheiro do tráfico. Os proprietários, que tinham ligações comerciais passadas com Gritzbach, caíram no radar da investigação após transações entre um frentista de um posto com uma transportadora que teve um caminhão flagrado com cocaína.

Em apenas dois meses, o funcionário do posto teria recebido depósitos de mais de R$ 300 mil. O estabelecimento, que fica na Marginal Tietê, foi alvo de busca e apreensão neste ano em operação feita pelo 10º DP (Penha).

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