Ministro de Lula delira e menciona o tráfico de drogas como argumento para a infraestrutura brasileira

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Em uma entrevista à BBC News Brasil, divulgada nesta quarta-feira (4), o ministro dos Transportes, Renan Filho, fez declarações controversas que levantaram questionamentos sobre sua abordagem ao discutir temas relacionados à infraestrutura e à segurança do país.

Durante visitas a Madri, na Espanha, e a Londres, no Reino Unido, onde esteve para apresentar a carteira de projetos de rodovias brasileiras a investidores estrangeiros, o ministro afirmou à BBC que traficantes de drogas preferem utilizar a infraestrutura brasileira para escoar produtos ilícitos, devido à superioridade dos nossos portos e aeroportos.

“Somos um país que leva azar de estar do lado dos grandes produtores de droga do planeta. O Brasil não é produtor de drogas, não planta maconha, não planta cocaína. Mas é um grande consumidor de droga, é o segundo maior mercado de drogas do mundo, atrás dos Estados Unidos. […] E a droga inunda o Brasil por quê? Para acessar a nossa infraestrutura para ir para o mundo, porque os nossos portos e aeroportos são melhores. Eles não mandam droga pelos portos da Argentina, [lá] não tem porto. Mandam drogas pelos portos brasileiros para cá [Europa] que também são grandes consumidores”, declarou Renan Filho.

Entretanto, a utilização do tráfico de drogas como evidência da eficiência logística do país parece, no mínimo, infeliz e inadequada. 

Elogiar os portos e aeroportos brasileiros baseando-se no uso que criminosos fazem deles coloca o país em uma posição constrangedora e levanta uma série de questionamentos sobre as falhas na segurança e fiscalização dessas áreas.

É inacreditável que um representante do governo destaque o tráfico como prova da eficiência da infraestrutura nacional enquanto está em uma viagem que busca promover o Brasil no exterior. Essa abordagem, além de gerar ruído desnecessário em relação à imagem do Brasil, expõe fragilidades que o próprio governo deveria estar empenhado em corrigir, e não em destacar como um “atrativo”.

A fala do ministro cria várias dúvidas: Quais são as bases e os dados que sustentam a afirmação de que os traficantes preferem, ou usam a infraestrutura brasileira? Se essa preferência realmente existe, isso indica falhas graves no controle e na fiscalização de nossos portos e aeroportos.

Ao promover o Brasil, se espera que o governo destaque aspectos positivos que reflitam comprometimento com a segurança e o bem-estar da sociedade. Apontar a eficiência da infraestrutura com base no uso por traficantes contradiz esses valores totalmente. 

Felizmente, as declarações de Renan Filho não passaram despercebidas pelo legislativo.

O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) protocolou um requerimento de convocação do ministro para que compareça à Câmara dos Deputados e preste esclarecimentos sobre suas declarações. Nogueira enfatizou a gravidade da situação e a necessidade de o ministro explicar detalhadamente o que vem ocorrendo nos portos e aeroportos do país.

“A posição estratégica do Brasil, somada à qualidade da infraestrutura de seus portos e aeroportos, foi apontada pelo próprio ministro como um atrativo para as rotas do tráfico de drogas. Isso é extremamente preocupante. Precisamos urgentemente que o ministro explique de fato o que vem acontecendo em nossos portos e aeroportos”, afirmou o deputado.

O requerimento solicita que Renan Filho apresente dados sobre o impacto do tráfico de drogas no sistema de transporte brasileiro e esclareça a possível relação entre o uso indevido da infraestrutura e da atuação de facções criminosas no país. 

“Precisamos desses esclarecimentos até para que possamos aprimorar a legislação. O que não podemos aceitar é que traficantes usufruam da nossa infraestrutura para praticar atos criminosos”, concluiu o deputado.

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