De Claus von Stauffenberg a Tiradentes: Conspirar contra o MAL não deve ser pecado ou traição, mas mérito

31/10/2024 às 15:52 Ler na área do assinante

Segundo matéria de 31/10/2024 publicada no jornal o Globo, uma espécie de publicação oficial do atual governo: “o Exército concluiu o inquérito policial militar (IPM) e indiciou três dos quatro coronéis apontados como autores de uma carta de 2022 que pressionava o comando da instituição a dar um golpe e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.”

Esta SUPOSTA traição à Pátria e ao Estado Democrático de Direito disparou em minha mente pensamentos calcados em fatos gravados na História.

O coronel, oficial de Estado Maior alemão, conde Claus von Stauffenberg liderou uma conspiração para matar Adolf Hitler em 20 de junho de 1944. A operação fracassou, Hitler sobreviveu e Stauffenberg e seus associados foram enforcados por “alta traição” ao Führer.

Em setembro de 1945 (um ano e quatro meses depois do atentado) Hitler, derrotado, suicidou-se. A memória de Hitler tornou-se mais imunda do que a mais nojenta das fossas cloacais. Stauffenberg entrou para a História como herói do povo alemão.

Imagine-se quantas vidas e quanto sofrimento teriam sido evitados se o atentado de Stauffenberg tivesse sido bem sucedido.

Qual a moral desta história? Simples: conspirar contra o MAL não deve ser pecado, ou traição, mas mérito, heroísmo, coragem, demonstração de elevado caráter.

Conspirar contra a desgraça institucional que se abateria – como, de fato, se abateu - sobre o Brasil, consequência da associação perversa do PT com o STF e TSE deve ser tomado como heroísmo.

Quando todas as portas legais se fecham à cidadania e à honra nacional, nada mais resta além da conspiração. Quando a própria Suprema Corte se torna o centro da maior conspiração contra o povo, para eleger um corrupto condenado com provas robustas, a conspiração é o caminho natural e ÚNICO que resta ao povo. Quando a Suprema Corte se torna o grande centro do arbítrio contra a Constituição, liberdade de opinião e o valhacouto de grandes corruptos, o povo fica órfão de alternativas legais para recuperar o País e restabelecer a ordem jurídica e as liberdades públicas.

Conspirar contra aquela associação perversa que “elegeu” – sem povo -  um criminoso, condenado em dois processos-crime, em três instâncias judiciais – todas por unanimidade - não pode ser considerado traição à Pátria ou ao Estado Democrático de Direito, mas demonstração de patriotismo e de coragem para tentar salvar o Brasil de um bando de corruptos celerados.

E não nos esqueçamos: Tiradentes foi o maior conspirador da História do Brasil. Também foi julgado traidor da coroa portuguesa e, como Stauffenberg, enforcado.

Entretanto, Tiradentes é, hoje, considerado o grande herói da nossa independência, inclusive pelo Exército brasileiro.

José J. de Espíndola

Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.

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